Por falta de energia, Ufal suspende mesa-redonda sobre Ebserh

13/11/2012 14:22 - Maceió
Por Redação

Devido a falta de energia elétrica no Campus A. C. Simões da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), na manhã desta segunda-feira (12), a mesa-redonda sobre a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) promovida e organizada pela administração central da Ufal não aconteceu, foi suspensa. No entanto, mesmo com o auditório meio às escuras, a platéia resolveu ficar e realizar ato sem a presença dos debatedores oficialmente convidados.

Com alguns poucos minutos que a reitora da Universidade Federal do Mato Grosso, Maria Lúcia Neder, primeira debatedora, havia iniciado a exposição de seus argumentos em prol da adesão dos HU’s à Ebserh, as luzes se apagaram e o barulho estava feito: a platéia começou a cantar palavras de ordem contra a privatização dos hospitais universitários (HU’s) e, em pouco tempo, foi improvisado um ato que deu mostras de o quanto estudantes, servidores técnicos e professores estão dispostos a lutar pela não adesão do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPPA) – à Ebserh.

“Também pudera! Uma reitora dizer que não precisa de HU para formar estudantes de medicina... Nem a luz suportou!”, criticou a bioquímica farmacêutica da Universidade Federal do Espírito Santo Janine Vieira Teixeira, coordenadora-geral da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra). Em sua opinião, a falta de luz terminou sendo uma ocorrência positiva. “Foi bom porque deu pra gente se organizar e fazer um debate”, disse.

Para o presidente da Associação dos Professores da Ufal (Adufal), professor Antonio Passos, a falta de iluminação propiciou a oportunidade de mais uma vez a entidade, - ao lado de representantes da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde e do Fórum Alagoano em Defesa do SUS e demais entidades como o Sintufal, o DCE e outras frentes democráticas que lutam pela não privatização da saúde que ali estavam - explicitar ao público presente, composto pelos três segmentos da comunidade acadêmica, inclusive de membros do Conselho Universitário (Consuni), o quanto é desastrosa a proposta de repassar a gestão dos HU’s do Brasil a uma empresa privada.

"Quando o Consuni apontou a possibilidade de uma discussão ampla sobre a Ebserh, pensávamos que o debate seria construído democraticamente, com espaço para o contraditório. No entanto, o que assistimos foi exatamente o contrário, onde a imposição e a intransigência daqueles que querem entregar o HU aos sabores do mercado se fizeram presentes”, disse o presidente da Adufal, entidade que historicamente tem assumido posição contrária à privatização dos HU’s do Brasil - em particular, do HUPPA da Ufal. “Lutaremos até o fim para não permitir que isso aconteça. Estamos ao lado dos usuários e também não queremos descaracterizar a função do hospital-escola, passando as suas funções para a iniciativa privada", reafirma Antonio Passos que representa a Adufal no Consuni.

Segundo Janine, não existe a possibilidade de um debate democrático porque os que defendem a entrega dos HU’s à Ebserh têm espaço nos grandes meios de comunicação e isso não tem acontecido com os que lutam pela não privatização. “Falamos um bocado aqui, outro bocadinho ali. Além disso, as mesas dos eventos sobre o assunto são compostas de forma autoritária. Não é um debate leal”, expõe.

De acordo com sua avaliação, esse é um momento muito difícil para os que lutam pela não privatização da saúde. Contudo, a partir de duas constatações, ela acredita que há um bom espaço de luta pra derrotar a Ebserh. “Primeiro: não há reitor ou diretor que conheça o contrato dessa empresa. Segundo: não existe dotação orçamentária pra Ebserh no ano que vem. “Estamos empenhando todas as forças para sairmos vitoriosos desse embate, de forma a assegurar o nosso patrimônio SUS sem abrir portas para a iniciativa privada”, afirma.

Antes do SUS - Ela lembra que o SUS teve o mérito de acabar com o conceito de indigência que havia no país. “Antigamente a saúde pública era só para indigente. Hoje, a saúde pública é para todos. Esse conceito acabou e o que está em risco é o SUS. Por outro lado, a nossa luta é, também, pela manutenção da qualidade e a busca do aperfeiçoamento da formação do profissional de saúde. Não para consultórios particulares, mas para as demandas da população em geral”, observa.

Presentes – Entre os oradores do ato, também se pronunciaram contra a adesão do HUPPA à Ebserh: a vereadora e professora do curso de Enfermagem da Ufal, Heloísa Helena; a professora de Serviço Social e integrante da Frente Nacional e do Fórum Alagoano contra a privatização, Valéria Correia; o professor Francisco José Passos Soares, diretor da Faculdade de Medicina da Ufal, Isac Jacson, secretário de organização da CUT; Analice Dantas, técnica-administrativa do HUPAA e Lucas de Barros, coordenador do DCE.

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