Disciplina desafiadora e que costuma receber atenção redobrada por conta do seu grau de dificuldade, a Matemática sempre foi cercada de mistérios, devido aos conteúdos que, às vezes, chegam a causar falta de interesse nos estudantes. Para tentar reverter esse quadro, universitários estão trabalhando a disciplina de formas variadas, fazendo com que ela possa cumprir seu papel de aprendizado e, ao mesmo tempo, proporcionar aos alunos um instante de lazer educacional.

Essa é a proposta do projeto desenvolvido por um grupo de estudantes que faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) do curso de licenciatura em Matemática do Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas. O programa “Práticas Significativas de Formação Docente no Ensino da Matemática” estabelece um link entre a escola e a universidade articulando, simultaneamente, o ensino, a pesquisa e a extensão.

A iniciativa conta com a orientação do professor José da Silva Barros e utiliza métodos facilitadores desenvolvidos pelos estudantes com a finalidade de auxiliar os futuros professores da disciplina e servir como apoio à formação continuada daqueles que já exercem a profissão. “Levar novas metodologias de ensino ao ambiente escolar vai refletir de forma significativa numa melhoria da educação básica”, explicou o professor.

O projeto propõe a utilização de jogos e dinâmicas para mostrar que a disciplina está sempre presente, até mesmo em coisas que as pessoas nem imaginam. “Relacionar a matemática ao cotidiano das pessoas é algo que pode despertar um maior interesse dos estudantes, o que pode se refletir num verdadeiro aprendizado”, esclareceu Barros.

As atividades desse projeto estão sendo executadas em duas escolas estaduais de Arapiraca, Professor José Quintella Cavalcanti e Senador Rui Palmeira, que são conveniadas ao programa. “Primeiro, participaram apenas os estudantes do turno matutino da Escola Professor José Quintella Cavalcanti. No último dia 8 de setembro, fizemos a experiência com os alunos que estudam à tarde e à noite”, explicou Cristiano Marinho, um dos bolsistas do projeto.

Sobre a Gincana de Matemática

Desfiles de moda, paródias e, até mesmo, um Stand-Up Comedy, a princípio, não têm nada a ver com Matemática. E você até pode pensar agora que o assunto é outro, mas não é. São provas como essas que se destacam durante a realização da Gincana de Matemática nas duas escolas de Arapiraca e que são conveniadas ao projeto desenvolvido pelos estudantes da Ufal.

“Para o desfile, os trajes tinham que trazer algo relacionado à disciplina. A paródia também deveria estar relacionada a algum assunto e cantada por um ou todos os integrantes. Enfim, criatividade e relação com a matemática são critérios fundamentais para a avaliação dessas provas”, explicou o professor José Barros.

De acordo com orientador do projeto, o motivo principal para a realização da Gincana de Matemática foi a necessidade de chamar a atenção de um público maior do que os alunos já contemplados com as atividades feitas em sala de aula com estudantes do Ensino Médio. “A maior parte dos alunos não quer nem ouvir falar em matemática. Então, antes de apresentá-la de forma tradicional, no quadro negro, é preciso fazer com que eles desenvolvam interesse pela disciplina”, reforçou o professor.

Além disso, a busca por dinamizar o ensino da Matemática e mostrar sua relação com o dia a dia são pontos que também colaboraram para o sucesso dessa iniciativa. “Uma proposta de lazer com aprendizado e tudo bem planejado a fim de envolver os alunos, proporcionando a eles, além da nota, um conhecimento construído com base na coletividade”, complementou Cristiano Marinho, ao frisar que o projeto faz a união entre estudantes, professores e bolsistas do Pibid.

A gincana em prática

A Gincana de Matemática teve sua ação mais recente realizada no sábado, 29 de setembro, na Escola Estadual Senador Rui Palmeira, em Arapiraca, e reuniu cerca de 900 pessoas, entre estudantes, professores e colaboradores. A próxima ação está prevista para o dia 20 de outubro e, na opinião dos envolvidos, o resultado final sempre pode ser considerado bastante positivo.

“Essa parceria entre a Ufal e as escolas conveniadas é fundamental para o sucesso do projeto. Com a orientação do professor José Barros e o auxílio dos professores supervisores, a gente consegue levar as novidades aos alunos e, até mesmo, criar novas tecnologias de ensino com a intenção de contribuir, de forma significativa, no aprendizado da referida disciplina, pois no final das contas, ver os alunos participando e aprendendo é a maior recompensa que podemos ter”, frisou Cristiano.

O professor José Barros complementa a fala do aluno ao dizer que, diante do resultado final, não há dúvidas de que o processo de ensino-aprendizagem está sendo efetivado. “Cada aluno, além de aprender e fixar conceitos matemáticos, desenvolve habilidades, como trabalhar em equipe e agir sob pressão. Já os professores, passam a ver estas atividades como um bom auxílio nas aulas e podem usar essas ações em outros momentos, ou seja, essa colaboração fará com que os professores repliquem os ensinamentos em outros lugares”, finalizou, orgulhoso, o professor.