Uma pesquisa inédita realizada pelo “Grupo de Pesquisa Ciências do Esporte”, no Laboratório de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas foi premiada no 3º Encontro Internacional de Pesquisa em Educação Física e Nutrição, promovido pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no último mês de novembro. O trabalho apresentado pelos alunos Jéssyca Kheterinne Silva (bolsista Pibic) e Manuel José de Souza Neto analisou a capacidade anaeróbia dos ratos quando submetidos a uma suplementação a base de carboidratos.

Sob orientação dos professores Gustavo Gomes de Araujo e Adriano Eduardo Lima da Silva, a pesquisa testou um modelo matemático para calcular o tempo máximo de esforço e consequentemente a Capacidade de Trabalho Anaeróbia alcançado pelos animais. De acordo com o professor Gustavo, 20 animais foram divididos em dois grupos onde deveriam executar algumas atividades de natação. Cerca de 30 minutos antes das sessões, um dos grupos recebeu apenas uma solução de água destilada, enquanto que os outros 10 ratos foram suplementados com uma substância chamada Maltodextrina (carboidrato responsável pelo aumento dos estoques de energia, possibilitando maior desempenho).

Após o período de adaptação, os pesquisadores aplicaram o teste de Carga Crítica, onde os animais foram submetidos a nados até a exaustão, suportando diferentes cargas do peso corporal. Os resultados contrariam a mesma funcionalidade em seres humanos, já que o carboidrato não foi eficiente para melhorar a capacidade de trabalho anaerobia e aeróbia em ratos. Mas o professor Gustavo Gomes explica que essa resposta não é definitiva.

“Ainda vamos realizar testes invasivos para validação do modelo matemático utilizando análises diretas de glicogênio muscular e creatina fosfato. O prêmio no congresso foi uma surpresa para nós, porque mostra que estamos no caminho certo para os próximos passos, com análises laboratoriais mais sofisticadas até comprovarmos a eficiência do modelo matemático a partir das análises dos músculos esqueléticos dos ratos”, ressaltou.

Teste em humanos

A mesma técnica está sendo estudada na aplicação em humanos, utilizando atletas como voluntários. O Grupo de pesquisa Ciências do Esporte (GPCefanut) da Ufal, apresentou em outubro desse ano um trabalho no Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, em São Paulo, mostrando que houve sim, ganho na capacidade anaeróbia dos atletas.

O trabalho de mestrado da aluna Sara Learsi avaliou os efeitos da suplementação de carboidrato via oral sobre a capacidade anaeróbia utilizando um teste não invasivo, evitando uma intervenção cirúrgica nos músculos. Os pesquisadores observaram o desempenho dos atletas em exercícios antes e após a ingestão de carboidrato.

O resultado revelou que o tempo limite de exaustão dos voluntários aumentou cerca de 9%. No teste, isso significou uma média de 25 segundos a mais de permanência no esforço em seres humanos suplementados. O coorientador da pesquisa, Adriano Lima da Silva, destacou que as análises preliminares estão motivando o grupo a aprofundar os estudos.

"Queremos montar duas linhas de conhecimento integrando os cursos de Nutrição e Educação Física da Ufal. Estamos trabalhando em colaboração para fazer os experimentos em ratos e depois em humanos”, disse.