Edição do dia 01/01/2013

02/01/2013 00h23 - Atualizado em 02/01/2013 00h23

Pais dão cartões para educar financeiramente os filhos

Dinheiro começa a dar lugar à escolha por cartão de crédito ou de débito.
Sendo bem orientados, isto é visto com bons olhos pelos economistas.

Fernando MoreiraMaceió, AL

Em vez da mesada de grana na mão, muitos pais preferem dar um cartão aos filhos. Para dar certo, é necessária muita educação.

O cofrinho virou peça de decoração. Cada vez mais cedo, os adolescentes têm acesso à tecnologia, inclusive para o pagamento das contas. Para que guardar dinheiro à moda antiga, se a mesada pode ser controlada pelo cartão de crédito? 

Na casa de Arthur Victor Tenório, é assim. "Estabelecemos o limite mensal e aí, cada um deles, temos dois filhos, possui o cartão. A gente tenta controlar isso mês a mês", diz a mãe, a pedagoga Andréa Cavalcante Tenório.

Para Arthur, acabou o aperto. Ao olhar vitrines e comprar roupas, se está mais caro do que ele pode pagar, por que não dividir?  Não deve se esquecer, porém, de que, nos próximos meses, o dinheiro vai ficar curto por causa das prestações.

"Eu procuro gastar com coisas mais necessárias, gastar com o que eu preciso, e, quando é alguma coisa excedente, quando é alguma coisa para entretenimento, eu peço permissão a meus pais, principalmente quando é alguma coisa mais cara, de valor mais elevado", diz Arthur.

Esta independência incentivada e paga pelos pais pode ter um papel importante na educação financeira dos jovens. Desde que eles sejam bem orientados, isto é visto com bons olhos pelos economistas.

"O cartão dá uma capacidade de gasto muito alta. Dá uma autoridade, ele empodera a quem o tem, mas o fato é que ele é uma escola de consumo. É uma escola de educação financeira, na medida em que ele vai enfrentar as alternativas de consumo refletindo, pensando, ou seja, fazendo o exercício cotidiano de aprendizado", afirma o economista Cícero Péricles.

Um exercício que a estudante Mariana Cavalcante, de 19 anos, faz desde os 16. O que a estudante compra chega no celular do pai. "É uma liberdade conversada. Sempre orientando quando está extrapolando, deixando um pouquinho mais folgado para ela ver o que acontece e também, eu, ao mesmo tempo, vou me planejando", diz o pai, o engenheiro civil Max Cavalcante.

Tudo vai para planilhas no computador. Tanta organização inspirou Mariana na escolha do curso na faculdade: Economia. "Estou aprendendo ainda. É um processo longo”, diz.