Pesquisadores de Física usam técnica de nanobiofotônica para ajudar no tratamento do câncer

22/05/2013 06:47

A- A+

Divulgação

compartilhar:

Com técnicas de nanobiofotônica, pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas formaram uma equipe multidisciplinar com outras instituições para utilizar nanopartículas de Fluoreto de Lantânio em tecidos biológicos. Os cientistas chegaram a uma fórmula que demonstra uma série de propriedades ópticas adequadas para a substância atuar como nanotermômetro, a fim de monitorar a temperatura interna dos tecidos para matar ou enfraquecer as células cancerígenas.

Esse processo, chamado de hipertermia, tem o objetivo de minimizar os danos colaterais que podem ser produzidos nos tecidos saudáveis que estão próximos ao alvo do tratamento do câncer. O conhecimento da temperatura local dos tecidos também é uma ferramenta importante no diagnóstico precoce do câncer, pois é conhecido que os tumores apresentam temperaturas singulares que, se detectadas, permitem localizá-los em estágios iniciais de desenvolvimento.

Os estudos desenvolvidos no Instituto de Física da Ufal, sob a coordenação do professor Carlos Jacinto, foi destaque na Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMAT) com artigo científico publicado no periódico ACS Nano. A importância do trabalho também foi reconhecida pelo destaque recebido na Chemical & Engineering News (C&E News).

As nanopartículas

As nanopartículas de Fluoreto de Lantânio são sintetizadas de uma forma bastante simples e rápida e possuem um conjunto de propriedades interessantes. “É importante salientar que essas nanopartículas foram desenvolvidas e estudadas por nós buscando uma potencial aplicação biológica devido as suas propriedades ópticas”, destacou o professor Carlos Jacinto.

Equipe de trabalho

Para a publicação do artigo na ACS Nano, a rede de cooperação científica montada para atender esses requerimentos incluiu grupos das seguintes instituições: a Universidade Federal de Alagoas (Brasil), que contribuiu com as medidas fototérmicas e espectroscópicas; a Universidade de Victoria (Canadá), na síntese dos nanomateriais; a Universidade Autônoma de Madrid (Espanha), com medidas espectroscópicas nos tecidos fantoma; a Universidade Federal do Ceará (Brasil), com algumas medidas espectroscópicas em aparelhos de alta sensibilidade; e a Universidade de Sonora (México), por meio da participação de uma pesquisadora na síntese dos tecidos fantoma.

O primeiro autor, Uéslen Rocha, é estudante de doutorado do professor Carlos Jacinto e foi o principal executor das medidas, muitas delas realizadas no marco de seu doutorado sanduíche na Universidade Autônoma de Madrid (UAM), instituição com a qual o professor Jacinto colabora desde 2005. Atualmente, a síntese dos nanomateriais é feita na Ufal.

Continuidade da pesquisa

O professor Carlos Jacinto relata que a equipe chegou a investigar o nível de toxicidade do material das nanopartículas. “Vimos que ele é desprezível, sugerindo sua biocompatibilidade”, disse. “Também já fizemos experimentos in vivo e in vitro em outro trabalho, que está submetido para publicação e que contou com a participação de pesquisadores da área biomédica”, comentou. Porém, de acordo com o professor da Ufal, para se chegar à introdução das nanopartículas e nanobastões em seres humanos ainda tem muito a ser feito.

As pesquisas desenvolvidas contaram com apoio financeiro da Fundação de Amapro à Pesquisa de Alagoas (Fapeal) e CNPq, por meio do projeto Pronex–Nexo; do INCT NANO(BIO)SIMES; da Coordenação de Aperfeiçoamento de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Supeior (Capes), pelo programa PDSE de doutorado sanduíche; e de outras instituições estrangeiras.

Primeira Edição © 2011