31/10/2013 21h36 - Atualizado em 31/10/2013 21h59

Jovem de Santana do Mundaú, AL, divulga literatura de cordel na Bienal

Filho de agricultores, Cícero Manoel faz poesia popular desde a infância.
Estudante do curso de Letras produz todos os encartes artesanalmente.

Waldson CostaDo G1 AL

Como nos 'causos' relatados na literatura de cordel, o filho de agricultores que vivem zona rural de Santana do Mundaú, município que fica a 77 km de Maceió, tornou-se poeta. Cícero Manoel de Lima Alves, de 23 anos, que vive com os pais no sítio Ilha Grande, superou as adversidades e descobriu na adolescência a literatura de cordel. Aficionado pelo estilo literário, ele produz os textos e gravuras dos cordéis autorais confeccionados artesanalmente que estão sendo divulgados na VI Bienal do Livro de Alagoas.

Cícero Manoel mostra alguns dos cordéis confecionados artesanalmente (Foto: Waldson Costa/G1)Cícero Manoel mostra alguns dos cordéis confecionados artesanalmente (Foto: Waldson Costa/G1)

"Desde a infância escrevia poesia popular, mas só descobri do que se tratava ao estudar literatura na escola. Assim, fui aperfeiçoando cada vez mais a linguagem e hoje já possuo mais de 30 histórias publicadas em cordel e centenas de rimas. Faço tudo de forma artesanal, produzo os textos, desenho as gravuras a caneta e depois imprimo os cordéis. Ganho muito pouco fazendo esse trabalho, mas tenho muita satisfação em produzir literatura popular", expõe Cícero Manoel.

Filho de pai analfabeto e uma mãe que nem ao menos terminou o segundo grau, Cícero Manoel, que atualmente estuda Letras na Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) conta que muitas vezes a família não compreende o trabalho que ele faz.

"Meus pais são agricultores e o mundo das letras muitas vezes esteve distante da vida deles. Eles entendem de lavoura, de plantar laranja, feijão e banana, por isso resistem a literatura. Mesmo assim, sigo em frente e tenho o sonho de um dia publicar um livro de poesias", completa o cordelista.

Entre as produções do escritor popular que nasceu em Garanhuns, Pernambuco, e foi criado em Santana do Mundaú, Alagoas, estão relatos ficcionais e dramas da vida real, a exemplo do cordel 'A enchente de 2010 e os desastres em Santana do Mundaú', que conta o drama das famílias que enfrentaram a tragédia. Na ficção há histórias de 'causos' como como 'A morte de João Pinguço', 'A mulher que capou o marido', 'O casamento forçado' e até mesmo histórias de romance como 'A romântica história de Tião e Ana Luiza' e 'O romance de Armando e Aline".

Na VI Bienal do Livro de Alagoas, Cícero Manoel está expondo seus cordéis no stand da Secretaria de Cultura de Alagoas (Secult), com livretos que custam de R$ 3 a R$ 5.