28/09/2013 16h31 - Atualizado em 28/09/2013 16h31

Falta de aulas práticas prejudica o aprendizado de física em Alagoas

Alunos e professores concordam que somente teoria não é suficiente.
Ausência de laboratórios é apontada como um dos principais problemas.

Do G1 AL

Aluna participa de experimento na Expofísica (Foto: Derek Gustavo/G1)Aluna participa de experimento na Expofísica.
(Foto: Derek Gustavo/G1)

A física nunca esteve entre as matérias mais queridas pelos estudantes do Ensino Médio. Alguns a consideram chata, outros acham que é difícil demais. Os professores enfrentam dificuldade para aproximar a disciplina dos alunos. O G1 aproveitou o encerramento da edição 2013 da Expofísica, que aconteceu na sexta-feira (27), na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), para tentar descobrir onde está o problema. A opinião das pessoas ouvidas foi unânime: faltam aulas práticas.

Durante o evento, promovido pelo Instituto de Física, alunos de colégios públicos e particulares puderam presenciar e participar de diversos experimentos, que trouxeram para a prática assuntos aprendidos em sala de aula. Era visível a animação de todos durante as atividades.

“Eu sei que a teoria é importante, mas prefiro a prática. Ela acaba ajudando na fixação do assunto, pois estamos lidando com coisas com as quais nos relacionamos todos os dias”, conta Eduardo Simões, 16, estudante do 2º ano do Ensino Médio de uma escola particular de Maceió. Ele ainda afirma que, apesar de gostar muito, não tem tantas aulas práticas quanto gostaria.

Segundo a estudante Kelyane Monteiro, 17, que está terminando o Ensino Médio em uma escola estadual de União dos Palmares, ela e sua turma passam pelo mesmo problema de Eduardo. “Só temos aulas assim de vez em quando, em sala. Mesmo com um professor muito bom explicando o assunto, a prática ainda é muito importante. Aprendo mais assim”.

Alunos participam de atividade durante a Expofísica (Foto: Derek Gustavo/G1)Professores afirmam que aulas práticas colaboram
para a fixação de assuntos e aumento do
rendimento dos alunos. (Foto: Derek Gustavo/G1)

Faltam laboratórios
O professor Antônio Toledo ensina física em um colégio estadual na zona Sul de Maceió. Segundo ele, uma das razões da importância de aulas práticas é a força que elas têm para fixar assuntos na mente dos alunos. Algo que a teoria sozinha não consegue. “Isso afeta diretamente o rendimento, pricipalmente em provas como o Enem. Mas ainda falta estrutura e investimento em equipamentos e laboratórios por parte do governo”, revela o professor.

Toledo ainda conta que há algum tempo têm feito experiências em sala de aula, com materiais e equipamentos conseguidos por ele próprio, já que o laboratório da unidade em que ensina ainda não foi inaugurado.

Para Paulo Martins Vieira, professor da rede particular de ensino, a falta de laboratórios nas escolas do estado prejudica os estudantes. “Ensino física há mais de 30 anos, mas só há 10 dou aulas em laboratório. A qualidade do ensino nesses locais é muito grande. Contudo, essas aulas requerem custos, além da manutenção ser muito cara. Não são todos que podem arcar com isso”.

Vieira defende, porém, que a falta de materiais ou locais específicos para os experimentos na matéria não deveria ser um impeditivo para os professores. “Esse tipo de ensino não depende exclusivamente de um laboratório. Dá para fazer muitas coisas em sala de aula mesmo. Apesar de todas as dificuldades, só é preciso a boa vontade do professor para fazê-lo”, afirma.

A vice-diretora do Instituto de Física da Ufal, Maria Tereza de Araújo, aponta uma outra razão para a importância das práticas, tanto em física quanto em qualquer outra matéria que exija algo assim. “Nessas experiências, os alunos participam bastante. Algo apenas teórico acaba inibindo o estudante. Quando eles se envolvem, parecem mais dispostos a aprender”, conclui.

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