04/09/2013 23h16 - Atualizado em 04/09/2013 23h28

Falta de médicos suspende serviço da maternidade do HU de Alagoas

Adolescentes em gestação de risco tiveram dificuldade para se internar.
Obstetrícia estava lotada e com apenas um médico de plantão.

Waldson CostaDo G1 AL

Gestantes de alto risco que precisaram recorrer, na noite desta quarta-feira (4), a maternidade do Hospital Universitário (HU) de Alagoas, em busca de atendimento médico, encontraram dificuldades devido a falta de profissionais especializados no setor. Com apenas um médico obstetra de plantão, devido a ausência do outro profissional escalado para o turno de 24 horas, os gestores da maternidade suspenderam o atendimento e as internações de novas pacientes.

Paciente aguardava atendimento na unidade (Foto: Waldson Costa/ G1)A adolescente Maria Vaniclécia aguarda no hall do HU atendimento médico.  (Foto: Waldson Costa/ G1)

O comunicado, deixado por escrito na portaria da maternidade do HU, informando que a triagem e a maternidade estavam fechadas, pegou muitas gestantes de surpresa e gerou revolta entre alguns acompanhantes das pacientes. Eles acionaram a imprensa para denunciar o descaso com a saúde pública e o desrespeito com as gestantes de alto risco.

Este foi o caso de Leonardo Barros que se revoltou ao não conseguir atendimento médico para a adolescente Maria Vaniclécia da Silva, de 17 anos. "Ela está com 9 meses de gestação e sentindo dores. Trouxe ela para o HU porque a gestação é de risco e o pré-natal foi feito aqui e em Joaquim Gomes. A única coisa que queremos é que o parto seja feito. Caso não seja aqui, que ao menos ela receba atendimento e seja encaminhada para outra unidade", expôs Leonardo ao relatar que uma das enfermeiras chegou a justificar a recusa da paciente devido os riscos causados por uma bactéria que estaria afetando o setor.

Preocupada com a saúde do bebê após enfrentar uma viagem de mais de uma hora para chegar a Maceió, Maria Vaniclécia precisou aguardar cerca de duas horas sentada no hall do hospital até conseguir ter acesso a maternidade. "Já enfrentei muita dificuldade para chegar até aqui e meu estado de saúde exige cuidado. O que o médico plantonista precisa entender é que não tenho outra opção e irei esperar o atendimento. Estou há dois dias com dores e preciso de ajuda", falou a gestante.

Paciente mostra recibo da maternidade (Foto: Waldson Costa/ G1)Na portaria, comunicado interno informa que a maternidade está fechada por falta de médico. (Foto: Waldson Costa/ G1)

Em situação semelhante a mãe de outra adolescente de 14 anos entrou em desespero ao ser informada do fechamento temporário da maternidade do HU. A cozinheira Isabel Souza chegou com uma adolescente grávida de 9 meses chorando e forçou a entrada até a maternidade. "Minha filha fez o pré-natal aqui e ela só sai agora com a criança. Não é possível que exatamente neste momento o hospital diz que não tem como prestar atendimento. Lá estão três gestantes desesperadas com dores e o médico disse que só é um, que não tem como atender todo mundo e quem achar ruim que vá chamar a imprensa. Isso é um grande desrespeito", protestou.

Hospital Universitário de Maceió (Foto: Waldson Costa/ G1)Maternidade do Hospital Universitário é referência
no atendimento a gestantes de alto risco.
(Foto: Waldson Costa/ G1)

HU
Ao falar com a reportagem do G1, a coordenadora da Maternidade do Hospital Universitário, Lúcia Amorim, disse que o fechamento temporário da maternidade foi a única solução encontrada para evitar maiores problemas no setor.

"Não tivemos outra opção. Só há um médico obstetra no plantão. O outro profissional informou que está doente e que vai apresentar atestado médico; e os demais obstetras estão fora do estado em um congresso. Assim, a previsão é que a situação seja normalizada só a partir das 13 horas desta quinta-feira (5), após a mudança da equipe de plantão. Enquanto isso, a recomendação é que a população procure outras maternidades", relatou.

Diante do problema o diretor-geral do HU, Paulo Teixeira, disse que a gestão vem trabalhando para reforçar o quadro médico do hospital. "Fomos informados da situação da maternidade e tomamos essa medida por uma questão de segurança. Estamos aguardando a saída de um edital para contratação de 12 profissionais para reforçar o setor sendo 6 obstetras e 6 pediatras. Enquanto isso, as gestantes devem buscar atendimento em outras unidades referênciadas de Maceió.

Pacientes aguardaram atendimento no hospital (Foto: Waldson Costa/ G1)Outra adolescente chega acompanhada da família em busca de atendimento no HU. (Foto: Waldson Costa/ G1)

Quanto a informação repassada pelos parentes das pacientes de que uma bactéria estaria ameaçando a segurança das gestantes e bebês da maternidade do Hospital Universitário, os dois gestores negaram a veracidade da informação, e alegaram que o problema na suspensão do atendimento foi gerado exclusivamente pela presença de apenas um obstetra no plantão.

veja também