23/04/2014 06h31 - Atualizado em 24/04/2014 11h14

Cresce busca por intercâmbio como qualificação profissional em Alagoas

Em média, quase 300 alagoanos fazem intercâmbio por ano.
Programas universitários e pacotes de agências são opções procuradas.

Natália SouzaDo G1 AL

Coordenador da Assessoria Internacional da Ufal acredita que a tendência é que número de intercâmbios cresça (Foto: Natália Souza/G1)Coord. da Assessoria Internacional acredita no
crescimento do mercado (Foto: Natália Souza/G1)

O intercâmbio cultural vem se tornando cada vez mais comum entre alagoanos que buscam fluência em um idioma estrangeiro, qualificação profissional e acadêmica e uma experiência pessoal com culturas diferentes. Por ano, centenas de intercambistas partem da capital alagoana para o exterior, seja por meio de mobilidade estudantil em programas de universidades ou até mesmo por pacotes de agências especializadas no ramo.

Segundo o professor José Niraldo de Farias, assessor internacional da Ufal, em 2013, cerca de 200 alunos dos cursos de novas tecnologias, ciências exatas e saúde partiram para o exterior em busca da internacionalização de graduação, por meio do programa do governo federal Ciências Sem Fronteiras.

"A expectativa é que neste ano aumente para 300 vagas. Os editais são abertos semestralmente, com vagas para cursos em universidades cooperadas nos Estados Unidos, Europa, Japão, Coreia do Sul, Austrália, entre outros", disse Farias.

O universitário, selecionado através de edital e, de preferência, que tenha certificado de proficiência em língua estrangeira, pode ficar de um ano a um ano e seis meses estudando fora e, eventualmente, estagiando em empresas no local", disse Farias.

Para os cursos de humanas e ciências sociais aplicadas, que não são contemplados pelos editais do Ciências sem Fronteiras, há um direcionamento maior de vagas em programas universitários como os dos editais do Santander.

“São cerca de 40 a 50 vagas em programas do Santander, como Fórmula Santander, Top China, Ibero-americanas, Luso-brasileiras. A procura é grande. A concorrência, normalmente, é de 10 para uma vaga. Há inscrições de jovens pesquisadores, universitários e professores. Nos campi do Sertão e no campus de Arapiraca há um índice de aprovação muito grande nesses editais e preenchimento de vagas”, disse Niraldo Farias.

Segundo o assessor, a internacionalização da graduação por mobilidade estudantil é uma vantagem expressiva para o universitário. “É uma qualificação especial, o aluno passa por uma educação diferenciada, se dá melhor quando volta e logo se destaca no mercado de trabalho. Os professores nessas universidades do exterior adoram quando os brasileiros chegam com projetos de pesquisas”, ressaltou Farias, que destacou ainda o Programa de Licenciatura Internacional, quando o universitário se forma com duplo diploma, na Ufal e em uma outra universidade internacional cooperada.

Colhendo os frutos
Com duas experiências de imersão no exterior, o engenheiro químico Lucas Gustavo Farias Xavier, 23, recém-formado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), vem colhendo os frutos da internacionalização da graduação no mercado de trabalho. Assim que colou grau, ele foi contratado como químico por uma indústria de produtos químicos para o setor sucroalcooleiro, em Santa Luzia do Norte.

Engenheiro químico Lucas Xavier passou um ano estudando na Universidade do Colorado (Foto: Arquivo Pessoal/Lucas Xavier)Engenheiro químico Lucas Xavier passou um ano estudando nos EUA (Foto: Arquivo Pessoal/Lucas Xavier)

“Acredito que esse diferencial da mobilidade estudantil me ajudou, já que onde trabalho é uma indústria que importa para o exterior, e eles sabem que é bom ter alguém com experiência internacional e que tenha fluência no inglês”, afirmou Xavier.

O engenheiro, que teve seu primeiro contato no exterior em 2010, através de um intercâmbio de três semanas na China com outros quatro estudantes, também passou um ano estudando na Universidade do Colorado, nos Estados Unidos. “Eu me inscrevi no Ciências se Fronteiras, fiz uma prova de inglês, língua que aprendi sozinho, e fui selecionado. A Universidade do Colorado é referência em engenharia espacial. Consegui reaproveitar as matérias que vi lá e quando voltei não precisei assistí-las de novo ou atrasar meu curso", disse.

"Achei muito importante esse período porque além da fluência no inglês, abriu meus olhos para o mercado, já que, diferentemente daqui, lá as universidade focam na teoria, mas também no mercado de trabalho. Fiz contatos com americanos e com os outros brasileiros que conheci lá", completou.

Agência especializada em intercâmbio começou a operar em Maceió em abril (Foto: Arvquivo pessoal / Experimento)Agência especializada em intercâmbio começou a
operar em Maceió em abril
(Foto: Arquivo pessoal / Experimento)

Agências especializadas
Uma outra possibilidade de intercâmbio cultural, esta para quem não está mais ligado a graduações de ensino superior em universidades, é por meio de pacotes ofertados em agências especializadas no segmento.

Operando há menos de um mês na capital alagoana, a rede Experimento já está há 50 anos no mercado e, apesar da carência de suporte, enxerga o potencial do estado. “Fizemos uma pesquisa de mercado em Alagoas, e especificamente em Maceió notamos que há uma carência no suporte de agências a intercambistas. Recentemente algumas fecharam, restando somente três agora com a gente”, explicou a diretora da Experimento em Maceió, Carol Piotto.

“Em entrevistas que realizamos nessas pesquisas, notamos que 80% das pessoas preferem viajar ao exterior em intercâmbio para aprender alguma língua do que somente para turistar. É preciso que tenha um avanço nessa cultura e resistência de ir para fora, conhecer o mundo, pois além da importância para o currículo, a bagagem cultural e de amadurecimento para um intercambista é incrível”, completou.

Segundo ela, 60% dos intercambistas procuram aperfeiçoamento em cursos de idioma no exterior, normalmente com viajantes entre 18 e 25 anos. Em segundo lugar vem os intercâmbios de High School, e em terceiro lugar, apesar de não muito comum no Brasil, intercâmbios que envolva programas de trabalho, como au pair, onde o intercambista cuida de idosos ou crianças e estuda, programa de voluntariado, férias universitárias, entre outros.

“Não estamos preocupados apenas em fechar negócio. Quando o cliente chega, primeiro conversamos, vemos qual é o perfil dele, orientamos e sugerimos opções de intercâmbios, porque não adianta ir sem organização. Antigamente, existia aquela impressão que era algo muito caro e quase impossível, mas hoje, se programar e priorizar, você consegue passar um mês no Canadá, por exemplo, investindo um pouco mais que R$ 5 mil”, destacou Carol.

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