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Programa Mais Médicos assegura acesso à Atenção Básica em Saúde

23/09/2014
Programa Mais Médicos assegura acesso à Atenção Básica em Saúde

Médica cubana Ailed Maria Ferrer Fernandez em atendimento a dona-de-casa Josefa Maria dos Santos, hipertensa e diabética, na cidade de São Miguel dos Santos: tratamento mais carinhoso (Fotos: Carla Cleto)

Médica cubana Ailed Maria Ferrer Fernandez em atendimento a dona-de-casa Josefa Maria dos Santos, hipertensa e diabética, na cidade de São Miguel dos Santos: tratamento mais carinhoso (Fotos: Carla Cleto)

  O Programa  Mais Médicos completou um ano em julho deste ano com 192 profissionais atuando, sobretudo, no acesso a consultas médicas na Atenção Básica de 58 municípios alagoanos. O saldo tem sido a ampliação das equipes do Programa Saúde da Família (PSF), melhoria do acesso à rede pública e investimentos na reestruturação e construção de unidades de saúde.
A médica cubana Ailed Maria Ferrer Fernandez trabalha em São Miguel dos Campos com mais três de seu país e dois brasileiros, que atendem um total de três mil famílias.
De acordo com ela, apesar da polêmica em torno da contratação de médicos cubanos para atuar em solo brasileiro, os maiores beneficiados são os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), que têm sido acompanhados mais de perto pelos profissionais e, com isso, reduzindo as complicações de pacientes, a exemplo dos portadores do diabetes e hipertensão.
“O programa tem sido aprovado pela população que ganhou mais cobertura médica nos locais onde não existia. Atendo em média a 20 pacientes por dia e boa parte com doença crônica não transmissível, como hipertensão, diabetes e doença infecto-contagiosa. A população está rendendo elogios ao programa e para nós isso é o mais importante”, destacou Ailed, médica geral e integral, de 35 anos, formada em universidade cubana e que já trabalhou na Venezuela e Honduras.
Segundo ela, o programa foi aberto para médicos de todo o mundo, já que a convocação da Presidência da República do Brasil se deu em âmbito internacional. Foram inscritos e selecionados, além de médicos brasileiros, os húngaros, argentinos e cubanos. “Não ocupamos postos de ninguém e não tenho queixa dos médicos brasileiros, que sempre foram acolhedores. Muitos deixaram as suas unidades de saúde para fazer especialização”, ponderou Ailed.
O aposentado José Cícero dos Santos é diabético e disse que tem tido mais facilidade no atendimento na unidade de saúde, nos últimos meses, após a implantação do Mais Médicos. “A gente espera menos. Acredito que isso acontece porque aumentou o número de médicos”, disse, em tom de questionamento. Satisfação semelhante demonstrou a dona-de-casa Josefa Maria dos Santos, hipertensa e diabética.
Ela também foi atendida pela médica Ailed e disse que o atendimento é sempre “carinhoso”. “Gosto do atendimento da médica, porque ela conversa muito com a gente e olha todo o nosso corpo”, afirmou a dona-de-casa. O secretário municipal de Saúde de São Miguel dos Campos, Sival Clemente, afirmou que o programa veio preencher a lacuna da Atenção Básica e diz que, somente em 2026, o Brasil terá médicos suficientes para atender a esta demanda.
“É ilusão dizer que não faltam médicos no país. Se em São Miguel não tivesse o programa, somente no Conjunto Habitacional Nova São Miguel, 500 famílias estariam descobertas de atendimento”, destacou. Segundo ele, o Brasil não está formando médicos suficientes para trabalhar na Atenção Básica e, por essa razão, estão sendo abertos novos cursos de Medicina em Maceió, na Faculdade Tiradentes (Fits) e no Centro Universitário Cesmac, além do projeto de aumentar o número de vagas na Ufal.
O programa se propõe ainda a estruturar as unidades básicas de saúde. Em São Miguel, estão sendo construídas quatro unidades de saúde, como parte do Mais Médicos. O programa foi lançado no dia 8 de julho de 2013, por meio da Medida Provisória nº 621. Os números do ministério indicam que o programa contratou 14,4 mil profissionais (11,4 mil deles cubanos) distribuídos em 3,7 mil municípios e em 34 distritos indígenas.

 Balanço positivo

Pelo menos 75% dos médicos estão em regiões de grande vulnerabilidade social, como o semiárido nordestino, a periferia de grandes centros e regiões com população quilombola. A coordenadora estadual do programa, Ivana Pita, faz um balanço positivo do Mais Médicos em Alagoas e diz que ele trouxe um novo olhar para o SUS, de humanização e um trabalho de promoção e prevenção da saúde, sendo o saldo a redução no número de exames, internamentos e de algumas intervenções de média complexidade.
“Eles atuam como clínico geral que atendem do pré-natal a crianças e idosos. A adesão deles à saúde pública trouxe uma economia grande para o município já que tratam da prevenção, enquanto tradicionalmente tratamos mais da assistência ao doente”, afirmou a coordenadora estadual do programa, destacando que a postura de atendimento de alguns médicos cubanos chama atenção, porque durante o atendimento não sentam em frente ao paciente, mas ao lado dele.
Segundo ela, pelo menos 30 municípios alagoanos pretendem aderir ao Mais Médicos em um segundo momento. “Dependemos de um novo contrato, que não tem data para acontecer, a ser firmado entre a Opas (Organização Panamericana de Saúde), Governo de Cuba e o do Brasil”, reforçou Ivana. Segundo ela, a escolha dos municípios teve como critérios a falta de médicos ou daqueles que não conseguiam fixar estes profissionais 40 horas nas localidades, entre outros fatores.
Ela ressalta que a abertura de inscrição – em julho do ano passado – se deu em Brasília para todos os prefeitos brasileiros.  Em Alagoas, 64 municípios se habilitaram, mas apenas 58 conseguiram receber os cubanos, uma vez que os seis não tinham equipes completas do PSF.  Ivana afirmou que ainda não dá para precisar o número de famílias alagoanas beneficiadas pelos médicos do programa, mas ressaltou que pelo menos sete tribos dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) estão sendo cobertas pelo programa.