Doações de córneas são reduzidas em mais de 50% em Alagoas

Situação adia sonho de enxergar para 94 pessoas que estão na fila de espera da Central de Transplantes do Estado

 

Valdemar Rosa da Silva, 77 anos, fez o transplante de córnea na última segunda-feira (30) no Hospital Universitário

O número de doações de córneas para transplante caiu em mais de 50% em Alagoas, este ano, se comparado a 2014, adiando o sonho de enxergar para 94 pessoas que estão na fila de espera da Central de Transplantes no Estado. Os dois principais motivos para esse quadro são a falta de informação, que alimenta o preconceito e o medo das famílias autorizarem a doação de córneas de seus parentes falecidos; e o funcionamento precário das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) que interfere diretamente na abordagem das famílias.

No ano passado, os hospitais autorizados a fazer transplantes de córnea em Alagoas realizaram 31 cirurgias, um número pequeno em relação à demanda. Para este ano, a expectativa é uma quantidade ainda menor de transplantes em função das negativas dadas para doação do órgão. Em fevereiro de 2014, o Banco de Olhos do HU captou 10 córneas no Estado, enquanto que este ano apenas quatro córneas foram doadas. Em março do ano passado, foram 11 captações e em março deste ano, apenas três.

Realização de sonho

Valdemar Rosa da Silva, 77 anos, fez o transplante de córnea na última segunda-feira (30) no Hospital Universitário. Portador de distrofia, há quatro anos o alagoano nascido em Murici não enxerga pelo olho esquerdo. A deficiência interferia em atividades diárias e chegava a atrapalhar o trabalho do aposentado, que completa a renda negociando frutas e legumes na casa dele, no bairro do Jacintinho.

Antes de entrar no centro cirúrgico do HU, seu Valdemar estava tenso, assustado com a possibilidade de ficar afastado das atividades por muito tempo; mas não escondia a alegria. “É muito triste não enxergar”, disse. Ele não lembra quanto tempo aguarda uma córnea para transplante, mas segundo a coordenadora da Central de Transplante, Kelly Brandão, a média de espera na filha é de seis meses. “Esse tempo já foi muito pior, cerca de cinco anos. Nós conseguimos reduzir para menos de um ano, mas não evoluímos desde então”, enfatiza a oftalmologista Andrea Santos, que administra o Banco de Olhos do HU.

Na avaliação da médica, se as Cihdott funcionassem como deveria na abordagem às famílias dos potenciais doadores, o número de captações de córneas aumentaria substancialmente. Para tanto, seria necessário que as comissões tivessem profissionais com dedicação exclusiva para isso. “Os profissionais que integram à comissão têm outras atividades nas instituições e, muitas vezes, trabalham sobrecarregados, dificultando a ação de abordar as famílias para conscientizá-las sobre a importância da doação”, comenta Kelly Brandão.

Fonte: Ascom Ufal

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