Uma adolescente de 17 anos tem vivido um pesadelo nos últimos 9 dias. Ela teve a gravidez interrompida no sexto mês. Chegou a dar entrada no Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes (HUPAA), na parte alta de Maceió, para a retirada do feto, mas ainda não conseguiu sepultá-lo, porque ele sumiu da unidade.
Ingryd Tavares deu entrada no HU após a bolsa ter estourado. Apenas dois dias depois, uma ultrassonografia constatou que o bebê, uma menina de 520 gramas (como consta no atestado de óbito), estava morto dentro da barriga da jovem.
“Não tinha médico para fazer a ultrassom dela. Nisso, o bebê já havia falecido. Eu falei com a enfermeira e ela disse que eu tinha que esperar que aparecesse o médico”, relata Suely Tavares, avó da adolescente.
A morte da criança, no entanto, não é o único problema. Depois da retirada do feto, a família foi informada de que precisaria providenciar o enterro. Mas, até agora, isso não foi possível, porque o corpo não foi mais visto após o procedimento médico.
"O feto desapareceu. A assistente social me explicou que 'tudo bem, isso não pode acontecer, eu entendo a senhora', mas não me deu nenhuma explicação”, afirma a avó da adolescente.
No final desta manhã, o HU encaminhou uma nota à reportagem do G1 dizendo que o feto foi pesado junto com a placenta, o que acarretou em erro na pesagem do corpo, que na verdade tem menos de 500 gramas. Ainda segundo o hospital, seguindo determinação do Ministério da Saúde para casos de bebês mortos com menos de 500g, o corpo da filha de Ingryd foi incinerado.
Antes disso, o pai da menina ainda ajudou um dos maqueiros da unidade a procurar o corpo no lixo do hospital. “Eu já tinha comprado tudo, enxoval, sabe? Já tinha até escolhido o nome pra ela. Ia se chamar Emily Yasmin. Isso é uma coisa muito séria. É um bebê e nós temos que enterrar ele. É o mínimo que podemos fazer”, diz, abalado, o pai da criança, Emerson dos Santos.
A mãe do bebê está desconsolada. “Queria que eles encontrassem a minha filha”, desabafa Ingrid.