07/08/2016 13h06 - Atualizado em 07/08/2016 13h26

Sem doações, bancos de leite de Maceió enfrentam baixo estoque

Hospitais buscam sensibilizar mulheres para aumentar doações.
Leite é para internados em centros de tratamento intensivo neonatal.

Carolina SanchesDo G1 AL

Banco de leita da Santa mônica está com estoque baixo (Foto: Natália Normande/G1)Banco de leite da Santa mônica está com estoque baixo (Foto: Natália Normande/G1)

A doação de leite materno pode salvar bebês internados em centros de tratamento intensivo neonatal. Mas a falta de doadoras tem preocupado os responsáveis por bancos de leite em Maceió.

A capital alagoana conta com dois bancos de leite e um posto de coleta e, em todos eles, o estoque está mais de 50% abaixo do ideal. Na Semana Mundial da Amamentação, iniciada no dia 1º e que termina no domingo (7), as unidades de saúde se mobilizam para tentar aumentar as doações.

No banco de leite do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), na parte alta da capital, o ideal seriam 6 litros de leite por dia para os bebês internados. Mas o estoque não passa dos dois litros diários. Mesmo com a possibilidade do leite ser recolhido na casa das doadoras, o número é muito abaixo do esperado.

A coordenadora e nutricionista Rosângela Simões disse que muitos recém-nascidos internados no hospital só têm acesso ao leite materno através do banco. “Ele é importante para todos os bebês, mas para o pré-maturo é fundamental”, alerta.

Rosângela diz que o HUPAA recebe doações de mulheres que estão internadas e outras que procuram o hospital. “Tentamos explicar que a doação do leite que está em excesso, além de salvar a vida de um bebê, ajuda a mãe, porque se ela não retirar o leite pode ter problemas e até uma infecção”, falou.

Para doar, a orientação é que sejam mulheres saudáveis que tenham feito o pré-natal. “Se a mulher não tiver os exames, nós fazemos a solicitação e ela pode fazer no hospital”, explicou.

No Banco de Leite Humano (BLH) da Maternidade Escola Santa Mônica (Mesm), que atende a recém-nascidos internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), a carência é a mesma.

De acordo com a pediatra e coordenadora do BLH da Santa Mônica, Andréa Pinheiro, os bebês da maternidade necessitam de, em média, de 6 a 8 litros de leite materno ao dia. Mas as doações não suprem a metade dessa demanda. “Fazemos um apelo principalmente nessa semana da amamentação para as mulheres procurarem o banco de leite”, disse.

A coordenadora falou que o leite materno doado aos bancos de leite passa por uma preparação antes de ser oferecido ao bebê, para garantir a qualidade do alimento. “Algumas mulheres quando estão amamentando produzem um volume de leite além da necessidade do bebê, o que possibilita que sejam doadoras”, falou.

A maternidade recebe doações do posto de coleta da Maternidade Nossa Senhora da Guia, da Santa Casa de Misericórdia. A unidade busca orientar e sensibilizar as gestantes para doações formando grupos. “No grupo de gestante uma equipe explica sobre amamentação e como doar o excesso. São orientações de profissionais habilitados e não foca só no aleitamento, mas em outros temas como  nutrição”, disse.

Para se tornar doadora, as mulheres com excesso de leite podem procurar a Santa Mônica, localizada na av. Comendador Leão, no Poço, ou ligar para o número (82) 3315.4434. Também pode doar no Hospital Universitário, na BR-104, ao lado da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) ou ligar para (82) 3202-3945.

Morgana conseguiu amamentar com apoio do banco de leite e do grupo Amamenta Maceió (Foto: Arquivo pessoal)Morgana conseguiu amamentar com apoio do
banco de leite e do grupo Amamenta Maceió
(Foto: Arquivo pessoal)

Grupo de mães
Morgana Barros foi uma das mães que usou um banco de leite em Maceió para pedir orientações sobre como amamentar a filha, hoje com dois meses.

Ela disse que não teve a oportunidade de dar de mamar nas primeiras horas de vida da bebê e depois ficou com dificuldades.

“Quando a enfermeira foi colocar para mamar, a bebê não estava sugando. Ela chorava com fome e foi prescrito o suplemento. E esse sofrimento foi nos três dias que passei no hospital, sem orientação”, contou.

Por não retirar o leite, Morgana sentiu dores e decidiu procurar ajuda. “Fui no banco de leite da Santa Mônica e lá me deram toda a atenção. Os profissionais me ajudaram a retirar o leite e dar no copinho para minha filha. Saí de lá maravilhada pela atenção. Eles me explicaram sobre o aleitamento e, na segunda ida, com orientações, consegui dar de mamar”, disse.

A apesar de começar a amamentar a filha, Morgana ainda tinha dificuldade porque a bebê ficava agitada. “Foi neste momento que me indicaram o grupo Amamenta Maceió e comecei a acompanhar o dia a dia de outras mulheres. Vi que muitas passaram ou passam pelo mesmo que eu”, falou.

Morgana disse que as orientações do banco de leite e o apoio do grupo a ajudaram a não desistir de amamentar. “Foi muito importante porque eu via ela com fome e não aceitava dar suplemento, mas ela não poderia ficar sem comer. Mas isso foram só duas vezes. Depois voltei a amamentar e consegui ficar mais tranquila. Estou determinada em amamentar exclusivamente até os seis meses e continuar até quando precisar”, falou.

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