16/10/2016 13h57 - Atualizado em 16/10/2016 13h57

Alunos da Ufal questionam falta de segurança no campus em Maceió

Universitários dizem que baixo controle no acesso facilita práticas de crimes.
Reitora afirma que há monitoramento e defende livre acesso da comunidade.

Derek GustavoDo G1 AL

Acesso de veículos no campus é feito com controle mínimo de segurança (Foto: Derek Gustavo/G1)Acesso de veículos à Ufal é feito com controle mínimo de segurança (Foto: Derek Gustavo/G1)

Cerca de 30 mil pessoas frequentam o campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em Maceió todos os dias. Nem todas fazem parte da comunidade acadêmica, e às vezes algumas delas não vão até lá com boas intenções. Essa situação preocupa alunos e servidores. A reitoria diz que controlar a entrada no local é difícil, mas planeja meios de reforçar a segurança.

A reportagem do G1 esteve no campus na sexta-feira (14) e conversou com universitários e representantes da Ufal. Além dos crimes mais comuns registrados lá, como assaltos e furtos, um outro tipo de ocorrência preocupa a comunidade acadêmica: pessoas que vão ao local para intimidar alunos.

O episódio mais recente foi registrado no início do mês, quando dois rapazes, um deles se passando por militar do Exército, invadiram o bloco do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA). Eles rasgaram cartazes e panfletos, e ainda ameaçaram uma professora.

O número de pessoas que circulam diariamente pelo campus é do setor de segurança da Superintendência de Infraestrutura (Sinfra), que não revela a quantidade de guardas patrimoniais que fazem rondas a pé ou em motocicletas. O setor informa ainda que 170 câmeras fazem o monitoramento do campus e quatro delas fazem imagens em 360º.

Para alunos e servidores ouvidos pela reportagem, no entanto, todos esses equipamentos e pessoal não inibem a ação de quem vai ao campus para praticar crimes ou vandalismo. E a sensação de insegurança é grande.

“Já encontrei muitas pessoas em atitude suspeita aqui. Tenho amigos que já foram assaltados aqui dentro, principalmente nos blocos mais afastados, com pouco movimento”, conta Rafaela Maria, estudante de relações públicas.

Reitoria alega que controlar a entrada de pessoas no campus é muito difícil (Foto: Derek Gustavo/G1)Reitoria da Ufal alega que controlar a entrada de pessoas no campus é muito difícil (Foto: Derek Gustavo/G1)

Para o estudante de direito Erick Gomes, uma das formas de se evitar problemas seria controlar a entrada de pessoas no campus. “Algum tipo de controle eletrônico, para saber quem está aqui dentro e o que vai fazer”, afirma.

A estudante de pedagogia Mércia Cristina concorda. “Deveria ter esse tipo de controle na entrada e na saída. Porque, algumas vezes, a gente vê pessoas de moto ou bicicleta, por exemplo, e já fica com medo. Você nunca sabe o que essas pessoas estão fazendo aqui”, conclui.

“A gente anda cismada aqui dentro. Não me sinto segura. Às vezes as pessoas nem são suspeitas, nem vão fazer nada errado, mas depois de tanta coisa, a gente acaba desconfiando”, relata uma servidora que não quis se identificar.

Segundo o gerente de Serviços Gerais da Sinfra, Paulo Carvalho, é difícil controlar o acesso ao campus da Ufal. Ele ainda diz que o trabalho dos agentes dentro do campus é de prevenção. Quando há a necessidade, eles acionam a polícia.

“A universidade é cheia de furos. Temos somente duas entradas principais, e várias outras abertas nos muros ao redor do campus. A gente fecha esses buracos, mas a população reabre. A Ufal não tem condições de fazer algo sobre isso [controle do acesso] atualmente. Nós também não conseguimos saber se as pessoas entram aqui armadas”, afirma Carvalho.

Segundo a Sinfra, 170 câmeras fazem a segurança no campus. Quatro são 360º, como essa da imagem (Foto: Derek Gustavo/G1)Segundo a Sinfra, 170 câmeras fazem a segurança no campus. Quatro filmam em 360º, como essa da imagem (Foto: Derek Gustavo/G1)

Reitora defende livre acesso à população
A reitora da universidade, Valéria Correia, admite que os dispositivos de segurança não são suficientes. “A gente tem duas portarias que apenas registram entrada e saída, e quando assumimos, já não se utilizavam mais os cartões de acesso [para quem entrava em veículos próprios]”, diz.

Sobre a circulação de pessoas no campus, a reitora afirma que a população do entorno deve participar das atividades realizadas na universidade, e por isso o livre acesso é importante.

“Colocar qualquer controle aqui é difícil. Nós oferecemos muitos serviços à população do entorno, como o fórum e na faculdade de odontologia. Além disso, tem os ônibus que circulam pelo campus. Qualquer política de segurança que a gente desenvolva é importante, mas deve envolver a população do entorno. O espaço também é deles”, defende a reitora.

Valéria também afirma que um grupo de trabalho, contando com a participação de vários setores da Ufal, foi montado para definir planos com o objetivo de reforçar a segurança no campus. Os resultados, no entanto, só começarão a ser vistos a partir do ano que vem.

“Em um primeiro momento, acho que devemos ter mais rondas no entorno da universidade, além de mais rondas com nosso efetivo, aqui dentro. E para o ano que vem, teremos uma política de segurança que atenda a todos”, afirma Valéria Correia.

A reportagem tentou contato com a assessoria de comunicação da Polícia Militar (PM), responsável por fazer rondas na região ao redor da universidade, mas não conseguiu.

Estudantes cobram sistema de controle de entrada de pessoas no campus (Foto: Derek Gustavo/G1)Estudantes cobram sistema de controle de entrada de pessoas no campus (Foto: Derek Gustavo/G1)
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