Por G1 AL

Ser mãe não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se está estudando e precisa ir diariamente à universidade. Muitas universitárias que engravidam enfrentam dificuldades por não ter com quem deixar as crianças enquanto estão em aulas e acabam adiando a formação ou até desistindo do curso.

Pensando em ajudá-las, alunos do curso de enfermagem da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) criaram o projeto Rede Mãos Dadas de Apoio às Mães Universitárias (Remad), em que estudantes voluntários cuidam dos filhos de universitárias para que elas possam estudar.

Elizabeth Maia e seu filho Miguel, universitária beneficiada com o projeto, em Maceió — Foto: Magda Ataíde/G1 AL

A projeto surgiu por causa de uma aluna do curso de enfermagem que precisou desistir porque não tinha com quem deixar o seu filho, em seguida o Centro Acadêmico (CA) do curso abraçou a ideia, inscreveu ele na Pró-Reitoria Estudantil (Proest) e foi aprovado.

É o caso de Elisabeth Maia, 25, estudante de nutrição e mãe do Miguel, um bebê de um ano e um mês, que viu em um projeto desenvolvido por alunos do curso de enfermagem da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) o apoio para continuar seus estudos e manter seu filho sempre por perto e seguro.

“Conheci o projeto pela internet, vi que ele estava relacionado à ajuda das mães universitárias e isso me interessou muito, pois a minha família não tinha mais condições de ficar com meu filho, pois minha mãe estava com problemas de saúde. Pra mim foi muito proveitoso porque eu não tinha com quem deixar, e fiquei feliz sabendo que o projeto me ajudaria de alguma forma”, disse a estudante.

Segundo Elizabeth, o projeto Remad foi essencial para ela que estuda em horário integral, e não conseguiu vaga no Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NTI) da Ufal, já que eles só aceitam crianças a partir de dois anos de idade.

“Eu passo o dia todo aqui, chego ás 8h e vou embora ás 17h, no horário que eu não estou em aula estou estudando na biblioteca, já que em casa não posso estudar mais. Depois do projeto até o vínculo com o Miguel melhorou” acrescentou a estudante.

Para iniciar o projeto, os estudantes demoram cerca de seis meses, e foi preciso realizar minicursos para a arrecadação de brinquedos e rifas para captar recursos, até que foi inaugurado oficialmente, em outubro deste ano. Aos poucos o projeto foi ganhando mais de visibilidade e as mães foram confiando e levando seus filhos.

Quando não há salas à disposição, projeto funciona no hall do bloco de enfermagem da Ufal, em Maceió — Foto: Divulgação/Remad

“Desde o início acreditamos no projeto, tanto é que começamos sem sala. Nos precisamos de espaço, precisamos de uma sala pra ser referência como sala de extensão, a universidade permitiu que nós utilizássemos uma sala não fixa e outros poucos materiais que foi adquirido pelo grupo, ainda falta muito pra que esse projeto continue” afirmou Anne Laura, professora de saúde da criança e orientadora do projeto.

O Remad atualmente funciona temporariamente na sala 107 da Escola de Enfermagem e Farmácia (Esenfar), mas as dificuldades ainda não acabaram, no dia que a sala não está disponível o projeto funciona no holl do bloco, pois já há um bom número de mães e filhos cadastrados. Porém sem auxílio de bolsa, sobrevive apenas de doações, parcerias, e trabalho dos alunos voluntários.

Berço, banheira e brinquedos adquiridos através de doações para o Remad — Foto: Magda Ataíde/G1 AL

“Hoje nos temos 13 mães cadastradas e 14 crianças, pois uma delas tem dois filhos. Atualmente temos 44 voluntários alunos de vários cursos da universidade quatro docentes que nos auxiliam. Além desses, temos três parceiros que fornecem seus produtos para ser rifados” disse Thamires Arcanjo, 18, aluna coordenadora do Remad.

Muitos alunos aderiram ao projeto por amor a causa das mães universitárias, é o caso de Lucas Henrique, 21, monitor voluntário do Remad, que atua no projeto desde a fundação.

“Eu sempre gostei de crianças, e quando surgiu essa ideia percebi a grande necessidade, principalmente aqui na Ufal, isso acaba fazendo com que as mães tenha uma evasão dos cursos, pois não tem como cuidar do filho e manter a graduação, o que falta ainda é sensibilidade das pessoas para continuar com o projeto” afirmou.

Mesmo sem investimento fixo, os estudantes com apoio de alguns professores deram andamento para que ele continuasse.

“Vendo a necessidade do projeto, nós resolvemos abraçar a causa por causa da alta evasão, se eu tivesse um filho eu gostaria que ter alguém pra contar, então ter um amparo aqui dentro é essencial”, concluiu Carla Rodrigues, 19, voluntária do Remad.

O projeto é dividido em várias diretorias, onde cada voluntário tem uma função e escala de serviço para atuação. Para participar do projeto, os interessados passam por um processo seletivo dividido em duas etapas (Online e presencial).

Quem quiser ajudar o projeto pode entrar em contato com a coordenação do Remad pelo instagram @projmaosdadas.

Monitores voluntários do projeto Remad e Miguel — Foto: Magda Ataíde/G1 AL

Brinquedos doados divertem as crianças enquanto mães estudam em universidade — Foto: Divulgação/Remad

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!
Mais do G1