LUTA
Jornalistas unem forças para greve geral na terça-feira
Alagoas corre o risco de ficar sem notícias. Jornalistas de todo o estado vão iniciar na terça-feira, 25, uma greve geral por tempo indeterminado.
O ato de protesto é contra a intenção das empresas de comunicação de reduzir o piso salarial da categoria em 40%. A justificativa dos empresários seria para "contratar mais profissionais".
O presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal), durante reunião no Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (TRT19), realizada na quarta-feira, 19, chegou a sugerir o congelamento do piso às empresas de comunicação.
Porém, além de não aceitarem o acordo, os empresários também não apresentaram uma contraproposta. Sem negociação, a categoria resolveu se manifestar por meio da paralisação da importante atividade de levar informação à população.
Manifestos
Entidades públicas e privadas já se mostraram solidárias à luta dos jornalistas de Alagoas. Para o ex-diretor do Departamento de Trânsito de Alagoas (Detran), o advogado Antônio Carlos Gouveia, a redução de salários é descabida.
"Quero acreditar que esses obstáculos serão superados mantendo firme o diálogo e a coerência para vermos em futuro próximo tudo isso superado", disse em vídeo que circula nas redes sociais.
Em nota, a Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal) se solidarizou com a categoria dos jornalistas de Alagoas.
"Propostas como estas [redução salarial] pretendem tão somente aumentar o lucro dos monopólios da comunicação, em detrimento da dignidade e das condições de trabalho dos profissionais que exercem a necessária atividade do jornalismo", destacou.
O procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, também deu seu posicionamento: "Nesse momento, onde as fake news ameaçam a democracia é preciso valorizar o papel do jornalista.A redução salarial nunca será a melhor solução".
Para o governador de Alagoas, Renan Filho, qualquer redução de salário que venha ocorrer não é correta. "O cidadão se prepara para a renda que ele tem e a renda reduzir em 40%? Às vezes, em determinados momentos de crise, talvez não ter aumento é algo discutível”, afirmou.
O delegado e jornalista Sidney Tenório é outro que aderiu a causa: "Fui jornalista durante 12 anos e o piso salarial foi uma conquista árdua. Nossa categoria merece respeito".
Maria Valéria Costa Correia, reitora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em nota, enfatizou que "o corte de 40% no piso salarial dos jornalistas deve ser combatido e repudiado com a mesma intensidade que qualquer outro ataque estrutural aos trabalhadores desse país".
Apoio nacional
Com a greve deflagrada, a presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Maria José Braga confirmou que virá a Alagoas e estará presente nas mobilizações de luta.
“A Fenaj está junto com o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas na luta contra a redução de salários, uma proposta absurda de patrões que querem a servidão em vez do trabalho. A categoria alagoana está demonstrando sua coragem e sua dignidade e deve ser exemplo não só para os jornalistas de todo o Brasil, mas para a classe trabalhador”, disse.