Fábio Guedes*
Novamente, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) anuncia um corte de bolsas do Sistema Nacional de Pós-Graduação (mestrado, doutorado e pós-doutorado). No primeiro, foram quase 3.500 bolsas país afora; agora, 2.774, sendo 2.331 de mestrado, 335 de doutorado e 58 de pós-doutorado. Portanto, quase 6.300 bolsas.
Os critérios adotados atingem em maior gravidade os Programas de Pós-Graduação instalados nas regiões Norte-Nordeste, pois foram junto com eles que as instituições de ensino superior se expandiram; muitos desses Programas sofrem e ainda necessitam de atenção especial para progredirem em estrutura e qualificação.
Em Alagoas, 12 Programas dos 36 que a UFAL possui, foram atingidos duramente. Somando os dois cortes, a UFAL perdeu 122 bolsas: 93 de mestrado, 24 de doutorado e 5 de pós-doutorado.
Considerando os valores das bolsas (R$ 1.500,00 mestrado, R$ 2.200,00 doutorado e R$ 4.100 pós-doutorado) e os prazos regulares de concessão, saímos de um investimento total de R$ 8 milhões para R$ 1,7 milhão, uma perda absoluta de 80%, ou seja, R$ 6,4 milhões que poderiam ser investidos nos próximos 4 anos no sistema estadual de CT&I. Isso sem apontarmos as possibilidades de novos estudantes que ingressam nos Programas, ao longo desse período, fazendo esse valor quadruplicar no mínimo.
Somando isso aos cortes no custeio das Universidades e Institutos Federais, não tem como deixar de imaginar o colapso que vamos sofrer, no curto e médio prazo, na estrutura de pesquisa e ciência no país, caso algo muito importante não aconteça para minorar ou reverter o atual cenário. Com um agravante: consequências extraordinariamente negativas do ponto de vista do aumento das assimetrias regionais, saindo com perdas as regiões Norte-Nordeste.
Fábio Guedes Gomes
Diretor Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas – FAPEAL
Vice-presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa – CONFAP
