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O óleo já atingiu mais de 450 praias do litoral nordestino, como a de Paulista (PE), e chegou ao Espírito Santo (Foto: LEO MALAFAIA/AFP, via BBC News Brasil)

Óleo já atingiu mais de 450 praias do litoral nordestino (Foto: LEO MALAFAIA/AFP, via BBC News Brasil)

Pesquisadores do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e da empresa HEX TecnologiasGeoespaciais divergiram nesta quinta-feira sobre o navio que originou o derramamento de óleo no Nordeste. Representantes da universidade e da empresa debateram as possíveis origens do desastre ambiental durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados.

No início do mês, a Polícia Federal indicou o navio Bouboulina, de bandeira grega, como responsável pelo vazamento, baseada em uma análise da HEX.Recentemente, a equipe da Ufal encontrou um novo navio suspeito de ter causado o derramamento de óleo no litoral do nordeste. O nome da embarcação é Voyager 1, registrado em nome da Gulf Marine Management Deutschland, empresa com sede na Alemanha.

"Esse é o navio que a gente aponta como suspeito. O Lapis não tem capacidade, o Lapis não tem ferramenta criminal para dizer que o Voyager é o culpado, porém baseado em informações de imagens de satélite, baseado em informações da Marine Traffic (empresa de monitoramento), chegamos a essa conclusão", disse o pesquisador Humberto Barbosa.

Barbosa afirmou também que a descoberta também descarta que o navio Bouboulina, de bandeira grega, tenha sido o causador do derramamento. Segundo ele, as imagens mostram que o navio passou no local do óleo dois dias depois do aparecimento da mancha.

"Mantivemos olhando o padrão baseado nesse sistema de inteligência no sentido de ver se havia alguma anomalia e olhamos o comportamento do Bouboulina em relação a linha diagonal saindo do Rio Grande do Norte até a África do Sul e continuamos a olhar. Não havia nenhum anomalia do ponto de vista, em termos de velocidade, se o navio havia parado e outras características que haviam sido levantadas, então chegamos a conclusão que não havia nenhuma relação direta com as manchas que havíamos descoberto", pontuou.

Leonardo Barros, diretor-executivo da HEX Tecnologias Geoespaciais, empresa que fez a análise que chegou ao nome do Bouboulina, disse que as duas análises não se excluem. Segundo ele, os relatórios apresentam indicações, mas a mancha analisada pela equipe da Ufal está errada: "Sobre a ressalva que o professor fez em relação aos nossos indicativos, o polígono e a mancha que ele considera que é coincidente está equivocado, a mancha, o polígono e a localização do indicativo da mancha de óleo não é este que foi apresentado pela universidade. A única coisa que eu estou falando é que os indicativos, o polígono que uma instituição e a nossa instituição trabalhou são diferentes, uma coisa não exclui a outra, em absoluto, como o professor indicou aqui, eles não são conclusivos."

Barros afirmou que só uma investigação das autoridades do governo pode chegar a uma análise definitiva. "São indicativos tanto a nível de polígono de mancha, tanto de embarcações potencialmente envolvidas que merecem a atenção, suportam linhas de investigação e somente essas linhas de investigação que estão sendo produzidas pelas autoridades brasileiras é que poderão chegar a alguma conclusão".

A empresa e os pesquisadores da Ufal analisaram imagens em datas diferentes. A equipe da universidade analisou uma mancha capturada por uma imagem do dia 19 de julho a 26 quilômetros do litoral da Paraíba. Ela teria, pelo menos, 26 quilômetros de extensão e 400 metros de largura.

A HEX analisou imagens de uma mancha de óleo de 200 quilômetros de extensão nos dias 29 e 30 de julho e 1º de agosto.