Por G1 AL


Mancha de óleo na areia da praia do Pontal do Coruripe, Alagoas — Foto: Alisson Frazão/Reuters

Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) localizaram manchas de óleo até aproximadamente 7 km da foz no rio Coruripe, que nasce na cidade de Palmeira dos Índios, no agreste alagoano, e vai até o município de Coruripe, no litoral sul do estado.

Com isso, os pesquisadores concluíram que a contaminação está se adentrando pelos rios. De acordo com os levantamentos realizados pelos grupos de trabalho da UFAL e do Ibama, cerca de 180 km de praias foram afetadas em Alagoas.

O Grupo Técnico de Acompanhamento (GTA), que monitora em Alagoas a situação das manchas de óleo que atingem as praias do Nordeste, informaram nesta sexta-feira (25) que pequenos fragmentos do petróleo cru foram encontrados nas praias de Guaxuma e Pajuçara, em Maceió.

O professor Emerson Soares, do Centro de Ciências Agrárias da UFAL, diz estar preocupado com os efeitos da grande quantidade de óleo que atingiu o litoral nordestino.

“Estamos vivendo uma calamidade pública com emergência ambiental. O óleo chegou no mar, nos mangues, nos corais e agora nos rios. A situação é triste e feia”, lamenta o pesquisador.

Soares destaca ainda que esse incidente está trazendo sérios problemas para a pesca, para a fauna aquática, para o turismo, para a reprodução das espécies nos mangues.

“Nós estamos vivendo um desastre sem precedentes, são imensuráveis os danos que esse desastre vai causar para gerações de organismos. O feito dessa contaminação vai perdurar no litoral e nas áreas estuarinas”, ressalta Emerson.

Os pesquisadores explicam que os manguezais são berçários de várias espécies costeiras, e é muito difícil limpar o óleo quando ele impregna e se liga à vegetação.

“O problema persiste há mais de 50 dias. O óleo está afundando, está ficando no leito dos mangues e nas áreas rasas das praias. O óleo está alterando a consistência e afundando, fixando-se nos corais e no manguezal. É um material cancerígeno e mutagênico. Precisamos de uma força tarefa não só para a limpeza, mas para estudar os efeitos dessas toxinas nos animais, vegetais e no ser humano também”, diz Soares.

O pesquisador da Unidade de Penedo da UFAL, alerta para a necessidade de organizar o destino que está sendo dado ao material retirado do mar e também como a população que vive da pesca e do turismo está sendo afetada.

“Se não houver um plano de manejo, estamos só mudando o local da contaminação. Esse material é bastante tóxico para o meio ambiente e para o ser humano. O pescador vai viver como? Como ele vai pescar, vai comer, nessas áreas, sem antes ser feito um estudo toxicológico nessas espécies atingidas?”, questiona o pesquisador.

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