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Pesquisa aponta tamanho da devastação da Amazônia entre 1988 e 2017

15/04/2020 17h34

Madri, 15 abr (EFE).- A Floresta Amazônica teve 300 mil quilômetros quadrados devastados entre 1988 e 2017, segundo dados levantados por uma equipe de especialistas liderada por uma brasileira, vinculada ao Museu Nacional de Ciências Naturais da Espanha.

De acordo com artigo publicado na revista científica "Ecography", assinado pela especialista em ecologia, biogeografia e conservação de florestas tropicais Juliana Stropp, junto com outros seis coautores, em 30 anos, se houver manutenção no ritmo da devastação, a perda de área verde pode chegar até a 900 mil quilômetros quadrados.

A pesquisa faz um alerta para a necessidade de que sejam investidos recursos para que a biodiversidade da Amazônia seja conhecida a fundo e para que, no futuro, a recuperação total não seja inviabilizada. Segundo o documento, não houve documentação dos diferentes tipos de árvores devastados.

"É como se tivéssemos queimado milhares de livros para aquecer a casa, sem que ninguém tivesse lido qualquer um deles", resumiu Stropp, que também é vinculada à Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em texto publicado no site do Museu Nacional de Ciências Naturais da Espanha.

A falta de sistematização dos dados das espécies perdidas na região é considerada um problema muito grave, já que é uma informação impossível de ser recuperada.

"Sem isso, os pesquisadores não podem planejar programas de restauração ou estimar o número de espécies presentes em um ecossistema", diz Ana Malhado, professora da UFAL, que é uma das coautoras do estudo.

De acordo com a pesquisa, é necessário que os especialistas multipliquem por seis os esforços feitos atualmente para documentar corretamente os dados da Floresta Amazônica, permitindo um maior conhecimento da biodiversidade da região.

Alguns exemplos do passado são destacados, como os projetos "Flora Amazônica", "Flora da Reserva Ducke" e "Flora do Cristalino", desenvolvidos, sucessivamente, nas décadas de 1980, 1990 e 2000.

Segundo os cientistas que escreveram o texto, a biodiversidade amazônica, inclusive, pode ajudar "hoje", com a pandemia da Covid-19, e no futuro, com outras doenças, por ser fonte de medicamentos.

A conclusão, no entanto, lamenta que as lideranças políticas mundiais "não parecem caminhar para a solução desse problema".