Devido à necessidade do isolamento social, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) suspendeu suas atividades acadêmicas no mês de março. Desde então, alunos, professores e gestores vêm estudando e debatendo alternativas para minimizar os impactos.

Nesta última semana, o Ministério da Educação (MEC) informou que vai disponibilizar acesso à internet para alunos de universidades e institutos federais que estejam em situação de vulnerabilidade social, possibilitando-os acompanhar as aulas durante o período de isolamento. A Ufal poderá receber chips para dar a 11.284 discentes com renda familiar per capita de até meio salário mínimo.

No entanto, a condição para a adesão, de acordo com as exigências do MEC, é a oferta de atividades de forma remota. Nesta segunda-feira, 24 de agosto, acontecerá uma reunião com a Câmara Acadêmica do Conselho Universitário (Consuni) para discutir a proposta. A partir daí, será encaminhada para deliberação neste mesmo Conselho e, se aprovada, a universidade comunicará ao ministério a aceitação ao sistema de conectividade.

Ao CadaMinuto, o reitor Josealdo Tonholo afirmou que “a proposta desse calendário especial da Ufal é prover alguma atividade, em caráter meramente emergencial, para que os estudantes tenham uma continuidade, não haja um vácuo de ensino-aprendizagem.”

Segundo Alexandre Lima, pró-reitor estudantil, a Proest lançará edital, fará a seleção dos estudantes e enviará ao MEC as informações referentes aos contemplados. Na sequência, será feita a distribuição dos pacotes de dados, que variam de 5 a 40 gigas, e só então os alunos poderão ter acesso ao consumo de internet.

“Eu sou a favor do pacote e de que a gente trabalhe de forma remota, desde que seja feito um calendário especial, com atividades especiais, que não venham a prejudicar aqueles alunos e alunas que não puderem aderir nesse momento, por conta de possíveis limitações”, afirmou Ildney Cavalcanti, professora da Faculdade de Letras (Fale).

Na opinião da professora, a exclusão digital de discentes vulneráveis não é o único problema. Outras dificuldades também precisam ser consideradas, como, por exemplo, a possibilidade de não terem o ambiente adequado, em suas residências, para o estudo à distância, ou poderem estar envolvidas com doença na família.

Essas também são algumas das preocupações do aluno do sétimo período do curso de História, Lucas Martírio de Araújo. Para ele, é preciso ter a garantia de que esses dados sejam suficientes para ter alcance de conexão em cidades do interior, visto que existem muitos alunos que moram em lugares distantes da capital.

“Eu acredito que esse processo de modernização e uso de novas ferramentas tecnológicas tem que acontecer, e irá naturalmente, com o tempo. Eu só não acho que deve ser pensado em dois meses, e deliberado unicamente por um grupo de pessoas privilegiadas numa sala”, destacou Lucas.

“O que a gente espera mesmo é que a gente consiga retornar o mais rápido possível no presencial”, disse Tonholo. Só que, segundo ele, isso só vai acontecer quando houver condição de biossegurança plena e as vidas não estejam mais em risco. Isso depende não só de um protocolo forte, mas também de outras ações, como transporte seguro, vacinas, garantia de atendimento médico pleno para toda a comunidade; levando em conta não só os estudantes, mas também os professores, técnicos, terceirizados e toda uma comunidade que transita pelo campus.

“É uma comunidade muito complexa. E a gente tem que entender a complexidade desse momento de pandemia para garantir que o retorno presencial seja o mais seguro possível. Enquanto isso, a gente vai ter que atuar no emergencial”, concluiu o reitor.

*Estagiário, sob supervisão da editoria