Memória

Fundaj recebe coleção de jornal alagoano que registrou cotidiano sertanejo

Publicado em: 10/02/2020 16:17 | Atualizado em: 11/02/2020 08:58

Delmiro Gouveia, fundador do Correio da Pedra. (Foto: Fundaj/Divulgação)
Delmiro Gouveia, fundador do Correio da Pedra. (Foto: Fundaj/Divulgação)
A Fundação Joaquim Nabuco foi uma das instituições escolhidas para receber a coleção do jornal Correio da Pedra, que registrou a história da Vila da Pedra (atualmente chamado de município Delmiro Gouveia), localizado no Sertão de Alagoas. A publicação foi idealizada em 1917 pelo empreendedor pernambucano Delmiro Gouveia, que emigrou para a Alagoas e se tornou um elo entre os dois estados nordestinos. Apesar dos esforços, foi assassinado antes de ver o semanário circular.

Foram seus sucessores que publicaram o primeiro exemplar, em 12 de outubro de 1918, mantendo o Correio da Pedra em circulação durante 12 anos. Um século depois, com iniciativa do professor e pesquisador Edvaldo Francisco do Nascimento, o Governo de Alagoas reeditou os exemplares preservados no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL). Concluída em junho de 2018, a reedição foi dividida em coleções e, desde então, está sendo distribuída entre instituições que fomentam a cultura no país. A Fundação Joaquim Nabuco, proprietária de parte do acervo de Delmiro Gouveia, foi uma das escolhidas.

A entrega será nesta terça-feira (11), às 16h, na Villa Digital, campus Apipucos da Fundaj, situada no casarão onde o empreendedor também viveu com sua esposa, Anunciada Cândida. O conteúdo ficará disponível no acervo da Biblioteca Blanche Knopf, pertencente ao Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira Rodrigo Mello Franco de Andrade (Cehibra), campus Apipucos da Fundaj. Existe ainda a pretensão de que o material seja acrescentado à Villa Digital, estando presente nas plataformas onlines: site e aplicativo.

"Essa coleção vem enriquecer o nosso acervo de periódicos, estando ao lado de outros jornais raros do nordeste que mantemos conservados. Com a doação, pretendemos dar visibilidade a esse jornal tão importante", ressalta a coordenadora de Documentação e Pesquisa da Fundaj, Betty Lacerda. Estarão presentes na cerimônia funcionários da Casa, representantes do Governo de Alagoas e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) - empresa ligada à preservação da memória de Gouveia. O evento será aberto ao público.

As pautas do Correio da Pedra estavam sempre relacionados com a vida pública, como seca, necessidades sertanejas, estradas férreas, a Cachoeira de Paulo Affonso, dívida externa brasileira, petróleo e cangaço eram assuntos recorrentes, publicados uma vez por semana.

"O que chama a atenção é que, embora a ‘Pedra’ seja alagoana, muitas das referências são do Recife. Naquela época, os homens da fábrica se interessavam pelo cotidiano pernambucano, alguns até tinham casa no estado”, conta Edvaldo do Nascimento. Ainda segundo ele, notícias de outros jornais também eram reproduzidas, aumentando ainda mais a diversidade do semanal. "Diario de Pernambuco, O Globo, Correio do Acre, Jornal de Alagoas, Jornal do Commercio e Jornal de Caruaru eram alguns deles”.

O mestrado em Educação do Brasil, pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), foi o ponto de partida para que Edvaldo se debruçasse sobre os exemplares do Correio da Pedra. Em sua pesquisa, precisava entender como foram instituídas escolas no eixo industrial do sertão, para assim estudar o projeto educativo do Industrial Delmiro Gouveia. “Fui atrás de arquivos, com fontes e informações da época. O Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas foi um dos locais que consultei, tendo contato com o Correio da Pedra. Lendo o Jornal, me surpreendi com os editoriais e notícias, como um grande quadro da memória do São Francisco”, acrescenta o pesquisador.

SERVIÇO
Doação de coleção do jornal Correio da Pedra
Onde: Villa Digital, Fundação Joaquim Nabuco campus Apipucos
Quando: 11 de fevereiro (terça-feira), às 16h
Quanto: Gratuito
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