Por Roberta Batista e Cau Rodrigues, G1 AL


13 de outubro - Manchas de óleo do petróleo cru são vistas na praia de Ipioca, no litoral norte de Maceió — Foto: Pei Fon/RAW Image/Estadão Conteúdo

Cinco meses após as primeiras manchas de óleo surgirem no litoral nordestino, Alagoas ainda não está completamente livre do problema. Das 128 localidades atingidas em 15 municípios do estado, 67 são consideradas limpas e 61 ainda apresentam pequenos vestígios do óleo, segundo informações atualizadas nesta quarta-feira (29) pela Marinha do Brasil.

Cada localidade corresponde a um trecho de 1 km de litoral. Os primeiros relatos de manchas de óleo no estado surgiram em Maceió, no dia 17 de setembro de 2019. Mas outras cidades do Nordeste já tinham registros do problema desde 30 de agosto.

A Marinha informou ao G1 nesta tarde que desde o dia 21 de novembro de 2019 não são registradas grandes manchas de óleo no estado de Alagoas, apenas vestígios, principalmente, nas localidades de Japaratinga, Feliz Deserto e Piaçabuçu.

O recolhimento destes vestígios é coordenado pela Capitania dos Portos de Alagoas. "Em paralelo, mantém prontidão para eventual necessidade de deslocamento de efetivo, caso sejam encontrados vestígios em qualquer outra localidade, o que poderá ser constatado a partir do monitoramento diário de militares da Marinha do Brasil e ambientalistas do IBAMA", diz trecho do comunicado enviado à reportagem.

Além da Marinha, participaram da limpeza das praias voluntários e equipes do Instituto do Meio Ambiente (IMA) e Exército.

Fauna atingida por óleo

Durante todo o período em que as manchas de óleo atingiram o litoral alagoano, os órgãos ambientais localizaram 29 animais cobertos por óleo, sendo 20 tartarugas marinhas, 6 aves, 1 mamífero e 2 não especificados. Destes, 22 morreram.

Para tratar os animais, Alagoas recebeu uma unidade de despetrolização, um contêiner com equipamentos de tratamento para fauna oleada, que foi instalado no Instituto Biota de Conservação. A estrutura veio ao estado por solicitação do Ibama e foi retirada da sede do Biota no dia 7 de janeiro.

Decretos de emergência e alerta máximo

Após notificações de que locais com óleo aumentaram, um Grupo Técnico de Acompanhamento (GTA) foi criado para monitorar a situação.

O período mais crítico foi quando grandes quantidades de óleo atingiram destinos turísticos como Pontal do Peba, em Piaçabuçu, Japaratinga e Maragogi. Reservas chegaram a ser canceladas, mas atualmente o setor turístico já comemora a recuperação.

Coruripe foi o primeiro município a decretar situação de emergência, em outubro de 2019. Dias depois, Japaratinga também decretou a mesma situação e depois foi a vez de Maragogi, que decretou estado de alerta máximo, mas depois revogou o decreto no mês seguinte.

Uma força-tarefa foi montada por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) para monitorar e avaliar os danos causados pelo óleo em Alagoas. Eles realizaram mergulhos para analisar os impactos nos recifes de corais e colheram água e materiais para análises.

O óleo destruiu a produção de ostras em Porto de Pedras. E também foi encontrado em recifes de corais na Área de Preservação Ambiental (APA) Costa dos Corais, em Japaratinga, por Um grupo de pesquisadores vinculados ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) da Costa dos Corais e do Projeto Conservação Recifal.

Auxílio a pescadores

O pagamento, no valor de R$ 1.996, foi dividido e pago em duas parcelas de R$ 998 por meio da Caixa Econômica Federal.

A origem do óleo

Origem do óleo que contaminou litoral ainda é desconhecida

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Diferentes órgãos do governo federal ainda tentam esclarecer qual foi a origem do desastre ambiental que atingiu praias de nove estados do Nordeste e dois do Sudeste (Espírito Santo e Rio de Janeiro). Tanto as investigações da Marinha e quanto os esforços da Polícia Federal ainda não chegaram a uma conclusão.

Em todo o país, 1.004 localidades foram atingidas desde 30 de agosto, de acordo com o balanço mais recente do Ibama.

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