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Economia

30/06/2021 às 16h23 - atualizada em 30/06/2021 às 17h05

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Alagoas ocupa a 4º maior taxa de desemprego do Brasil, segundo o IPEA
Em maio deste ano, Alagoas tinha 660 mil pessoas desempregadas e 715 mil alagoanos recebem auxílio emergencial
Alagoas ocupa a 4º maior taxa de desemprego do Brasil, segundo o IPEA
Até maio, 100 mil pessoas em alagoas recebiam o seguro desemprego. FOTO: Derek Gustavo/Acta

Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontou que até maio de 2021, Alagoas tinha 660 mil pessoas desempregadas. No mesmo período do ano passado esse número era de meio milhão de dempregados. O estado só ficou atrás de Pernambuco com 21,3%, Bahia com 21,3%, Sergipe com 20,9%, amargando o percentual de 20% no aumento na taxas de desocupação. 


De acordo com o economista e professor da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Perícles, esses números são consequências de uma acumulado dos últimos cinco anos, somada a crise da pandemia. "Além do crescimento no número de desempregados houve um aumento da adesão das empresas ao Programa de Manutenção de Emprego e Renda. Isso impacta diretamente na nossa economia, deslocando para baixa a nossa força de trabalho e a renda média do trabalhador. Com a maior oferta de mão de obra, a força de trabalho fica mais barata e a renda do trabalhador menor, diminuindo também o consumo", exemplificou o economista. 


Ainda analisando os dados da pesquisa do IPEA o professor da Ufal detalhou como chegamos a esse nível alarmante de desemprego. "Somente no ano passado já houve uma diminuição drástica de profissionais contratados com carteira assinada e de janeiro a maio deste ano deixamos de ofertar 12 mil postos de trabalho. Esse número poderia ser ainda pior, porque o Programa de Manutenção de Emprego e Renda beneficiou 200 mil trabalhadores em 2020 e em maio deste ano, quando ele foi liberado pelo Governo Federal, 38 mil contratos entraram na redução e/ou suspensão de jornada de trabalho e salário", reforçou. 


Do outro lado da economia estão os trabalhadores informais, que representam meio milhão de alagoanos. Os trabalhadores informais são aquelas pessoas que não possuem vínculo empregatício com nenhuma empresa e nem mesmo possuem CNPJ. "Nosso mercado de trabalho é a razão central da nossa pobreza. Nós temos uma renda muito baixa. Onde pouco gente está trabalhando e os que trabalham não tem renda mínima para manutenção das famílias. Quem está desempregado vive buscando uma forma de obter uma renda. Outro exemplo disso é que 715 mil alagoanos recebem auxílio emergencial", analisou Cícero Perícles. 


Em busca de alternativas


Até maio, 100 mil pessoas em alagoas recebiam o seguro desemprego. E no mesmo mês, mais 20 mil trabalhadores deram entrada no benefício. Nessa corrida para obtenção de renda, estão no outro lado da balança aquelas pessoas que decidiram se virar. São os micro empreendedores individuais chamados empreendedores por necessidade. De janeiro até maio deste ano foram criadas em Alagoas 28 mil MEIs. "Uma das principais atividades econômicas do estado é o turismo. O mês de maio já é período das chuvas no estado. A agricultura entra na entressafra da cana-de-açúcar, a construção fica mais lenta, então a expectativa de retomada da economia fica para meados de setembro". 


Como taxa de ocupação e poder de compra andam lado a lado, nesses cinco primeiros meses do ano também houve um crescimento de alagoanos registrados no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), são 670 mil em 2021, 10 mil a mais que o número de desempregados. "São adultos com capacidade, mas que não estão encontrando oportunidades de trabalho e aí não tem alternativa, eles recorrem ao poder público. É um quadro muito preocupante", ressaltou. 


Perfil do trabalhador 


Entre as características detalhada pelo economista sobre o mercado de trabalho de Alagoas está a maior oferta de trabalho em áreas chamadas 'porta de entrada', que são de baixos salários. Essas ofertas estão no comércio, na construção civil e na agricultura familiar. "As mulheres ainda são as mais afetadas nesse perfil de desemprego. No mercado de trabalho da construção civil, por exemplo, a maior parte das vagas são ofertadas para homens. E outra coisa, Alagoas está entre os estados que também registram maior taxa de desigualdade salarial de gênero. Caracteristica de uma sociedade conservadora", avaliou Cícero Perícles. 


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