Novo Bolsa Família: Economista diz que "proposta coincide com crítica ao uso político do programa"
O Governo Federal pretende fazer um novo Bolsa Família, com aumento do valor para os usuários e adesão de forma digital aos benefícios. Ao Cada Minuto, o economista Cícero Péricles de Carvalho falou sobre o assunto e disse que acredita que a proposta do aplicativo coincide com a crítica ao uso político do Bolsa Família. Segundo ele, a mudança não trará grande impacto.
O economista comentou que o tema do Bolsa Família é sempre polêmico e sensível, pois envolve a vida de 14,5 milhões de famílias brasileiras.
“A ideia de modificar o programa Bolsa Família está posta desde o início do atual governo. Esse programa sempre esteve na pauta de mudanças pela sua forte identidade com o governo Lula, pelas opiniões que eram feitas em campanha eleitorais, centrada na crítica ao ‘assistencialismo’, e pela concepção liberal da atual equipe econômica, que sempre se mostrou contra”, explica.
No entanto, ele afirma que a experiência do Auxílio Emergencial, que gerou o aumento da popularidade do atual presidente, fez a equipe política repensar o programa Bolsa Família.
“Meses atrás, se tentou criar o Renda Brasil, mas a ideia não avançou. A proposta agora é a de ampliar o programa antigo e o valor pago. No sentido mais imediato, é uma resposta política às muitas críticas em relação à gestão da vacinação, que tem provocado desgaste da atual administração federal”, declara.
A intenção é que a nova versão seja iniciada logo após o pagamento da última parcela do Auxílio Emergencial, em julho deste ano.
Segundo o economista, a gestão do Bolsa Família tem sido considerada exemplar por vários organismos internacionais por possuir um custo muito reduzido. Além disso, é citado como outro fator positivo que as gestões municipais das 5.670 mil prefeituras do território brasileiro responderam bem à implantação e acompanhamento do programa.
Dentre as novas medidas já anunciadas por Bolsonaro está a mudança da forma de adesão aos benefícios. Através do modelo planejado pela atual gestão, os usuários irão solicitar o Bolsa Família será feita digitalmente por meio de aplicativo e não através das prefeituras.
Cícero acredita que a proposta do aplicativo coincide com a crítica ao uso político do Bolsa Família e que a mudança não trará grande impacto. “No entanto, esse programa faz parte das políticas assistenciais de estado, como a previdência social, e o acesso a esse direito é universal, bastando o futuro beneficiário cumprir os pré-requisitos”, afirma.
E completa, “mesmo sendo um direito, os beneficiários do Bolsa Família identificavam o programa com o governo Lula. Da mesma forma como o Auxílio Emergencial, outro direito aprovado no Congresso Nacional e que foi implantado utilizando um aplicativo da Caixa Econômica, beneficiou o atual presidente nas pesquisas de opinião no segundo semestre”.
Voucher para creches
Uma outra proposta prevista, até o momento, está na criação de um voucher, no valor de R$ 250, com a finalidade de que as próprias famílias paguem diretamente por vagas em creches "particulares, comunitárias, confessionais, beneficentes ou filantrópicas".
Além disso, Cícero informa que a ideia anunciada, até agora, é de se colocar mais alguns elementos no novo Bolsa Família, como um bônus para aluno com bom desempenho, outro para aluno com destaque na área científica e um auxílio creche, todos com valores variáveis.
“Existe também a possibilidade do bônus para crianças que frequentam creches privadas, cujo valor seria R$250,00. As críticas e as divergências já estão postas entre gestores e parlamentares. O voucher a ser pago a creche privada é visto pelos críticos como uma forma de não se investir em creches públicas. Como não se sabe quais os critérios desse pagamento, fica difícil calcular o impacto financeiro”, elucida o economista.
*Estagiária sob a supervisão da Editoria
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