Cidades

Terceira onda de Covid? Alagoas ainda não saiu da segunda

Observatório da Ufal cita forte pressão por leitos; Estado está com estabilidade de casos, mas ainda em patamar alto

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 25/05/2021 08h01
Terceira onda de Covid? Alagoas ainda não saiu da segunda
Reprodução - Foto: Assessoria
Discutida em todo o país por especialistas, a possibilidade de uma terceira onda de Covid-19 em Alagoas é descartada, pelo menos por enquanto, segundo o Observatório da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). É que de acordo com os pesquisadores, o estado ainda enfrenta a segunda onda da doença. O pesquisador e coordenador do Observatório Gabriel Badue explica que considerando o cenário vivenciado no ano passado, durante a primeira onda da doença, houve uma drástica redução de casos confirmados, suspeitos, óbitos e ocupação hospitalar entre os meses de setembro e outubro. Tais aspectos evidenciam que houve de fato um controle da doença naquele período. “A gente não concorda com isso que estão circulando porque a gente não saiu da segunda onda. A gente entende que saímos da primeira onda porque houve uma redução importante, significativa entre os meses de setembro e outubro, a partir de novembro, dezembro houve aumento e a gente entende que houve uma ruptura. Agora agente entende que não houve esse cenário. A gente está há seis ou sete semanas com estabilidade de casos, mas num patamar muito alto, de 4 a 5 mil casos por semana, não houve redução, no nosso entendimento é a segunda onda”, afirma. Com o aumento dos casos, agravado a partir de janeiro, a segunda onda começou e ainda não chegou ao “fim” porque apesar de uma redução no número de óbitos a partir de abril, os outros indicadores não apresentaram queda relevante. “O que é importante pontuar é que se a gente estivesse apresentando indícios de controle da pandemia, teríamos número de casos, de óbitos, e ocupação hospitalar, são esses três indicadores. O que a gente vem observando é que o número de casos confirmados não cai. Mesmo com toda a dificuldade do estado na questão da testagem, nós ainda temos um número muito alto de casos positivos, de percentual, além de muitos casos suspeitos, atingimos mais de 15 mil casos isso significa que mais pessoas estão apresentando sintomas, isso pode ser outros vírus? Sim. Mas o número de testes positivos que retornam do Lacen ainda é muito alto, em torno de 45%. Esse índice também não baixa”, diz Badue. Para o especialista nunca houve uma redução efetiva nos indicadores. As perspectivas, segundo ele, são de piora para os próximos dias e de pressão nos leitos “O recorte é muito grave”. “É uma preocupação. Quando se vai analisar com a ocupação hospitalar nessas últimas duas semanas voltou a crescer e nestes últimos dois dias houve um crescimento muito forte. A última atualização já estava em 83%, e quando a gente olha por regiões só não está maior porque em União dos Palmares a ocupação está bem abaixo do patamar, mas já tem hospitais com 100% das UTIs cheias. Se você excluir União dos Palmares vai para mais de 90%, é muito alto. Essa ocupação está subindo muito rápido. Antes, ainda tínhamos possibilidade de aumentar o número de leitos, agora não tem mais. Porque não é só leito, é suprimento, recursos humanos”. Saúde explica que trata todas as fases dentro do enfrentamento da pandemia   Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) afirma que não trata a evolução da doença considerando primeira, segunda e terceira onda. “Estado trabalha com o enfrentamento da pandemia”, afirmou o órgão. DADOS Segundo o relatório do Observatório da Covid-19 relativo à 20ª semana epidemiológica os indicadores apontam para a piora do cenário de pandemia. A indicação é de restrição nas medidas de distanciamento. “Dos nove municípios com leitos disponíveis, oito se encontram acima da margem de segurança de 70%, sendo que cinco apresentam ocupação superior a 80%, quando se recomendam medidas mais restritas de circulação. A capital alagoana, que concentra mais da metade dos leitos disponibilizados pelo governo estadual para o tratamento da Covid-19, se encontrava com 81% de ocupação neste sábado. Um dos principais hospitais do estado, o Hospital da Mulher, atingiu 100% de ocupação, segundo anunciou o Governo Estadual durante o fim de semana”, disse o boletim. “As pessoas pensam que a pandemia acabou. Olho da janela do apartamento as pessoas vivendo como se estivesse tudo normal. Você circula de carro, a quantidade de pessoas circulando na orla sem máscaras, é angustiante... É uma loucura, é muito triste”, afirma Gabriel Badue. Vacinação Atualização da segunda-feira (24/05), da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), por meio do Programa Nacional de Imunização em Alagoas (PNI/AL), e apoio técnico do Conselho Municipal de Secretarias de Saúde de Alagoas (Cosems/AL), mostra que 885.230 doses das vacinas contra a Covid-19 foram aplicadas em Alagoas. São 620.421 pessoas vacinadas com a primeira dose e 264.809 já imunizadas com a segunda dose.