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Nº 5696
Política

SUCATEADA, UFAL QUER IMPLANTAR ENSINO A DISTÂNCIA EM 102 CURSOS

Reitor admite queda de recursos orçamentários; professores temem precarização do ensino e demissões

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 27/08/2022

Matéria atualizada em 27/08/2022 às 04h00

Maceió, 26 de agosto de 2022
Universidade Federal de Alagoas - UFAL. Instalada no Campus A.C. Simões, em Maceió, Alagoas - Brasil.
Foto:@Ailton Cruz
Maceió, 26 de agosto de 2022 Universidade Federal de Alagoas - UFAL. Instalada no Campus A.C. Simões, em Maceió, Alagoas - Brasil. Foto:@Ailton Cruz | @Ailton Cruz

Com um quadro de sucateamento do parque tecnológico e equipamentos superados há mais de 10 anos, com orçamento de quase R$1 bilhão/ ano e precisando repor mais 20%, a maioria dos 2,8 mil professores dos 102 cursos da Universidade Federal de Alagoas e a maioria dos 28 mil alunos reage contra a adoção de “Ensino a Distância” na organização pedagógica e curricular dos cursos de graduação até então presenciais. O Ministério da Educação recomenda a implantação de EaD em 40% da carga horária total de cada curso. A comunidade acadêmica diz que não há como atender a “imposição”. O reitor Josealdo Tonholo nega que esteja “impondo” a implantação do modelo de ensino virtual, esclarece que a medida é uma “recomendação do MEC”, diz que cada curso tem autonomia para montar a grade curricular e avalia que a discussão foi motivada pela disputa político-eleitoral. Um levantamento social da própria reitoria feito com as fichas de matrícula dos estudantes, indica que 70% dos alunos estão em condições de vulnerabilidade social. Os coordenadores dos cursos lamentaram que os laboratórios de ensino e pesquisa estejam com equipamentos defasados, sucateados e a maioria não funciona. O próprio reitor Josealdo Tonholo não desmente a queixa e demonstra preocupação com o parque tecnológico defasado. Os Equipamentos de Tecnologia da Informação, por serem antigos, não encontram peças de reposição no mercado convencional. A Ufal precisa de R$ 30 milhões para renovar a T.I. Por isso, a implantação do modelo EaD na grade curricular dos cursos de graduação enfrenta resistência neste momento. Porém, professores, técnicos e alunos ressaltam que não são contrários à adoção das novas tecnologias como ferramentas de desenvolvimento de ensino e aprendizagem. Mas dizem que a Ufal não está preparada para este momento. O assunto domina os bastidores não só da Ufal. As universidades e faculdades particulares também. As instituições privadas trabalham com a implantação gradual do ensino a distância. Os professores seguem os colegas da Ufal ao avaliarem que os modelos híbridos e EaD precisam de metodologia a fim de garantir: ensino e aprendizagem, a manutenção de empregos, forma de avaliação acadêmica e a qualidade de ensino. O modelo de ensino virtual nas instituições privadas, segundo os docentes, geram aumento de lucro e redução drástica de despesas com quadro de pessoal e de manutenção das salas de aula. O corte orçamentário nas instituições públicas, dentre elas a Ufal, deixa a maioria dos cursos e laboratórios em situação dramática. Faltam recursos para manutenção até de prédios, como acontece com o Museu de História Natural. Num prédio centenário, no bairro do Prado, o museu guarda acervos fósseis de mais de 400 milhões de anos, precisa de obras estruturais, recuperação dos sistemas hidráulicos, elétricos entre outras obras avaliadas em R$ 1 milhão, revela o diretor do museu, professor Jorge Luiz Lopes, que tenta conseguir os recursos com a iniciativa privada. A universidade não tem. As discussões acaloradas da comunidade universitária a respeito da implantação da EaD estão restritas ao Diretório Central dos Estudantes, a Associação dos Docentes, Departamentos de Ensino, Fórum de Graduação, os conselhos de pró-reitores.

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/Maceió, 26 de agosto de 2022
Universidade Federal de Alagoas - UFAL. Instalada no Campus A.C. Simões, em Maceió, Alagoas - Brasil.
Foto:@Ailton Cruz

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