Cidades

Braskem apresenta resultados de estudos em bairros da capital

Audiência pública ocorre nos dias 23 e 24 com limitação de público, o que pode comprometer discussões, segundo liderança

Por Texto: Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 18/02/2022 09h44 - Atualizado em 18/02/2022 09h52
Braskem apresenta resultados de estudos em bairros da capital
Braskem não compareceu à audiência pública promovida esta semana por Preitura e DPE nos Flexais - Foto: Edilson Omena

Uma nova audiência pública sobre o afundamento de solo em Maceió será realizada nos próximos dias 23 e 24 deste mês. Desta vez, o evento é organizado pela Braskem - empresa responsável pelo problema que atinge cerca de 60 mil moradores de cinco bairros da capital – e vai apresentar resultados de um novo estudo contratado a fim de mapear e “propor iniciativas para as áreas social, econômica e urbanística”.

“As ações irão compor o Plano de Ações Sociourbanísticas conduzido pela consultoria Diagonal, empresa independente indicada no Termo de Acordo Socioambiental, assinado em dezembro de 2020 entre a Braskem e as autoridades [Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual (MP/AL) e Defensorias Públicas da União (DPU) e Estadual (DPE)] para elaborar estudos sociais sobre a desocupação nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol. Durante 6 meses, a equipe formada por um corpo técnico multidisciplinar realizou pesquisas e entrevistas feitas com moradores, representantes da sociedade civil organizada, de órgãos públicos e de instituições como Unicef, Ufal, Sebrae e Senac”, disse a empresa.

Ainda de acordo com a Braskem o evento é dividido em duas partes, no primeiro dia serão apresentados os resultados do mapeamento da realocação na vida dos moradores. No segundo dia, as discussões são voltadas ao levantamento social e urbanístico dos cinco bairros.

“Será apresentado o resultado do estudo sobre o impacto da realocação em questões socioeconômicas como o acesso às escolas, aos serviços de saúde e assistência social. A apresentação vai ser dividida em políticas sociais e redução de vulnerabilidades, atividades econômicas, trabalho e renda. Já o levantamento sociourbanístico, que será apresentado no dia 24, considerou a qualificação do espaço urbano, a mobilidade urbana e acessibilidade além da preservação do patrimônio cultural, identidade e memória dos bairros afetados pelo fenômeno geológico”, detalhou.

Para o líder comunitário e morador do Flexal, Maurício Sarmento, a Braskem tem se negado a participar das discussões diretas com os moradores.
“A todo instante a Braskem tem se negado a participar das discussões e eles agora levam essa discussão para a Casa da Indústria e se negam a estar na comunidade. Não vejo com bons olhos esse evento, não podemos nos calar, vamos nos fazer vistos e ouvidos, chega de tanta injustiça. Vamos participar da audiência mesmo que a gente não possa entrar, mas vamos protestar contra a Braskem contra o crime que ela cometeu na nossa comunidade
A limitação de público do evento tem sido questionada por lideranças dos bairros afetados, segundo Maurício. Ao todo poderão participar do evento 70 pessoas, com limitação de 20 pessoas para questionamentos, o que para as comunidades pode interferir nas discussões e apresentação do ponto de vista dos atingidos.

“A Braskem está abrindo uma discussão, no entanto ela deveria fazer essa discussão na comunidade. Houve uma audiência pública esta semana e ela [empresa] não foi pra lá. Ela deveria abrir para toda a população para fazer uma discussão dessa situação porque somos nós que estamos vivenciando nos bairros afetados. No meu caso, por exemplo, eu tentei me inscrever de forma presencial, mas não tinha mais vaga pra inscrição e olhe que eu me inscrevi logo que soube da que iria acontecer. Isso afeta as discussões porque tinham várias pessoas que gostariam de participar e não conseguiram se inscrever para participar de forma presencial, só no online, isso desconsidera a população que ainda está morando, que deseja participar ativamente”, pontua.