Cidades

Ufal vai exigir comprovante de vacinação

Conselho Universitário decidiu por unanimidade a exigência, mas ainda não há detalhes sobre a cobrança na volta às aulas

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 03/02/2022 10h40
Ufal vai exigir comprovante  de vacinação
Reprodução - Foto: Assessoria
A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) deverá exigir comprovante de vacinação contra a Covid-19 no retorno às aulas, previsto para março. A decisão foi tomada pelo Conselho Universitário por unanimidade. Na reunião que discutiu também o retorno presencial às aulas, foi votada a proposta de obrigatoriedade de apresentação do passaporte vacinal. Isto significa que para ter acesso às unidades pertencentes à instituição como os Campi vai ser preciso estar com as vacinas em dia e com comprovação. “Em torno de 11 universidades devem iniciar o segundo semestre em março e estão avaliando se farão essa retomada de forma presencial ou não. Em relação a Ufal, temos realizado vários componentes curriculares já de forma presencial e não chegamos a parar totalmente nenhum semestre, já que no momento mais agudo da pandemia, no primeiro semestre de 2020, estabelecemos o Período Letivo Excepcional (PLE)”, explicou durante a reunião o pró-reitor de Graduação, (Prograd), Amauri Barros. Logística Entretanto não há detalhes de como será a logística em torno da exigência e se haverá sanções para quem não se vacinar ou apresentar a comprovação. Segundo a Pró reitoria de Graduação novas reuniões serão realizadas para definir como será a forma pela qual alunos e servidores passarão as informações. A Associação dos Docentes da Ufal (Adufal) é favorável à medida. A entidade avalia que a decisão é essencial para o retorno às aulas presenciais. “Acreditamos que a exigência do comprovante de vacinação é uma condição assertiva e essencial para esse retorno. Nós vamos ficar acompanhando as informações sobre a área da saúde e vamos cobrar a gestão da Universidade para que ela viabilize as condições necessárias para que esse retorno presencial aconteça de forma segura para todos e todas”, afirmou o presidente da Adufal, professor Jailton Lira. Entretanto, segundo a entidade é preciso acompanhar a evolução da doença no estado para assegurar um retorno seguro. Os professores da Ufal se posicionaram em uma assembleia realizada pela Adufal na segunda-feira (31), e definiram a posição em relação ao ensino remoto e as pré-condições para que esse retorno presencial acontecesse. A posição da categoria definida na assembleia da Adufal foi encaminhada pela representação da entidade no Conselho Universitário (Consuni) da Ufal e debatido com nossos pares e com a comunidade acadêmica. Então foi definido no Consuni o retorno presencial a partir de março, dependendo das variáveis da área sanitária, das taxas de ocupação hospitalar, de adoecimento, e assim por diante”, reforçou a entidade. Censo das Ações Afirmativas e os 10 anos da lei de cotas A Universidade Federal de Alagoas (Ufal), por meio do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), foi contemplada com recursos do Edital nº 01/2021, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, do Governo Federal, e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O projeto aprovado foi o Censo das Ações Afirmativas da Ufal: 10 anos da lei de cotas. O financiamento será via Fundação Universitária para o Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes), com orçamento de R$ 124 mil. O objetivo do edital foi selecionar projetos que contribuam para fortalecer o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), que tem a missão de expandir, disseminar e fortalecer as políticas públicas de promoção da igualdade racial. O Sinapir foi instituído pelo Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010). A pesquisa vai avaliar a política de cotas na Ufal, a partir de 2012, quando foi aprovada a Lei de Cotas (nº 12.711/2012), analisando o ingresso, a permanência, o desempenho escolar e as políticas de assistência estudantil. A Lei tem por objetivo reservar 50% das vagas das instituições federais de ensino superior e técnico para estudantes de escolas públicas autodeclarados negros (pretos e pardos) e indígenas, e com isso ampliar o acesso às universidades para jovens não brancos. Com o Censo, os pesquisadores pretendem investigar se o percentual planejado foi alcançado e se a Lei de Cotas está cumprindo seu objetivo, neste período de 10 anos em que a Lei foi aplicada. A pesquisa será desenvolvida pelos professores e pesquisadores do Neabi, órgão de apoio acadêmico vinculado diretamente à Reitoria que colabora e acompanha as políticas institucionais de ações afirmativas da Ufal, atuando com as Pró-Reitorias, as Unidades Acadêmicas e as Diretorias dos campi fora de sede. Dentre as políticas afirmativas, a das cotas raciais é a mais marcante Dentre as políticas afirmativas, a das cotas raciais é a mais conhecida, consistindo em estabelecer um percentual a ser ocupado em área específica por grupos definidos (negros, quilombolas, indígenas, PCDs), podendo ocorrer de forma proporcional ou não. “A política de cotas foi aplicada em diferentes instituições de ensino superior e nos institutos federais com critérios e porcentagens diferentes desde 2003, o objetivo era de reduzir a desigualdade na sociedade e promover a inclusão de grupos sociais historicamente marginalizados na educação”, informa Danilo Marques, coordenador do Neabi. As ações do projeto estão sendo iniciadas nesta segunda-feira (31). “Esperamos que a pesquisa possa proporcionar ao Governo Federal e a Ufal, bem como a sociedade brasileira, a partir das publicações que dela poderão surgir, uma melhor compreensão da importância da implementação e ampliação de ações afirmativas na universidade, tornando-a uma instituição comprometida com a promoção da igualdade racial e o combate ao racismo. Dessa forma, podemos contribuir com a defesa e ampliação das cotas raciais, sistematizando argumentos para a continuação desta importante política afirmativa”, destaca Danilo. A equipe de coordenação do Censo é formada por representantes de todos os campi. Pelo Campus A.C. Simões, estão Danilo Luiz Marques, coordenador do Neabi; Rosa Lúcia Lima, vice-coordenadora; Clara Suassuna, pesquisadora; e José Jacó Barros, técnico-administrativo. Pelo Campus Ceca: Cícero Luiz Calazans, coordenador; e Regla Toujaguez, vice-coordenadora. Do Campus Arapiraca: Marli de Araújo Santos, coordenadora; Mayk Andreele, vice; e Paulo Everton, pesquisador. E pelo Campus do Sertão: Vagner Bijagó, coordenador; e Flávio Moraes, vice. Dados A equipe vai levantar dados quantitativos e qualitativos coletados na Copeve e na Prograd. “São informações sobre inscrição no processo seletivo para a Ufal, convocação dos aprovados no referido processo, matrícula efetiva dos estudantes, informações quanto à evasão por abandono e por cancelamento da matrícula, saída dos estudantes como graduados, resultado da integralização curricular dos cursos de graduação, e estudantes ativos. Estas informações, pertinentes tanto à ampla concorrência quanto à reserva de vagas, serão comparadas entre si, por campus, por semestre, por ano, por área, curso e sexo”, explica Danilo. Também serão incluídos nesta investigação dados sobre ações afirmativas, de assistência e permanência estudantil, no período contemplado, coletados na Proest, Proex e Neabi. “São informações sobre as ações realizadas antes e durante os dez anos das ações afirmativas na Ufal, tendo em vista que esta instituição estabeleceu o sistema de reserva de vagas em 2003 e desde então outras modalidades de reservas de vagas foram inseridas, como as pessoas com deficiência e os quilombolas. Além disso, uma proposta de continuidade e melhoria das ações afirmativas poderá ser apresentada como resultado desse estudo”, ressalta o coordenador do Neabi. A equipe destaca que o Censo das Ações Afirmativas da Ufal é essencial para a manutenção, ampliação e aperfeiçoamento das políticas de ações afirmativas de acesso ao Ensino Superior. “Esse projeto é um passo importante na perspectiva de melhores condições de vida para pessoas em situação de vulnerabilidade social, já que as cotas contribuem para a redução dos baixos índices de escolarização, permitindo o desenvolvimento, local à nacional, a partir da perspectiva da inclusão social”, finaliza Danilo Marques.