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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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Imagens de satélite confirmam ataques e aumento de fogo no sul da Ucrânia

Colunista do UOL

01/03/2022 11h44

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Imagens obtidas pelo satélite Sentinel-2 —da ESA (Agência Espacial Europeia)— mostram como os ataques realizados na Ucrânia entre ontem e hoje aumentaram as intensidades dos incêndios nas regiões que concentram a ofensiva russa.

As imagens foram processadas e cedidas à coluna pelo Lapis (Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites) da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), que recebe imagens da missão Copernicus/EUMETCast.

Segundo a imagem feita às 5h da manhã de hoje, o número de focos de fogo saltou de três para dez pontos do país, com maior número no sul ucraniano, que segundo relatos passa por uma maior ofensiva desde a madrugada.

A maior área de fogo continua na capital Kiev e seus arredores, que enfrentam bombardeios há cinco dias dos russos. Entretanto, entre ontem e hoje, não houve aumento significativo de área com incêndios, segundo as imagens.

Mapa de ontem:

Mapa da Ucrânia de 28 de fevereiro - Lapis - Lapis
Imagem: Lapis

Mapa de hoje:

Mapa da Ucrânia de hoje - Lapis - Lapis
Imagem: Lapis

Os mapas de intensidade de fogo coincidem com áreas que as agências de notícias internacionais apontam como novos alvos dos russos. Segundo a agência AFP, o exército da Rússia atacou e está nas proximidades da cidade de Kherson, no sul do país e perto da península da Crimeia (tomada pelos russos em 2014). No mapa da região de hoje é possível ver vários pequenos focos de incêndio.

Segundo o coordenador do Lapis, Humberto Barbosa, a identificação de focos de incêndios se baseia na detecção da radiação eletromagnética emitida pelas altas temperaturas atingidas nos incêndios florestais. Esse produto é muito utilizado para captar incêndios florestais —como na Amazônia, por exemplo.

"A intensidade [energia] do fogo ativo é expressa pelas cores que vão do laranja [menor energia] a vermelha [mais alta energia] associada ao fogo. A taxa de liberação de radiação térmica por um incêndio está relacionada à taxa na qual o combustível está sendo consumido e a fumaça produzida", conta.

O pesquisador diz não ter dúvidas de que esses focos de incêndio estão "ligados ao aumento dos bombardeios, além das fortes explosões" que ocorrem no país do leste europeu.

"Está muito frio lá e até ontem nevou. Isso significa que a vegetação não com queimadas. Assim, nós utilizamos [esse calor] como uma forma indireta para detectar as explosões. Obviamente que o satélite, às vezes, não pega explosão na hora; mas o calor, a energia que é liberada para essa explosão ficam registrados", completa.