Alagoas

Lagoa Mundaú: laudo da Ufal indica morte dos peixes por intoxicação química

TNH1 | 17/03/22 - 19h17
Cortesia

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) divulgou, nesta quinta-feira (17), o laudo das análises físico-químicas e microbiológicas da qualidade da água, na Lagoa Mundaú, em Bebedouro. As análises foram feitas pela universidade e divulgadas à imprensa, após moradores da região serem surpreendidos com vários peixes mortos na lagoa, no último domingo (13).

Segundo os laudos da Ufal, os peixes morreram por intoxicação química e orgânica, que susbstâncias podem ter sido despejadas na lagoa de forma intencional, por escape ou ainda por escoamento superficial (lixiviação). As análises foram feitas por pesquisadores do Laboratório de Sistemas de Separação e Otimização de Processos (Lassop) e do Laboratório de Instrumentação e Desenvolvimento em Química Analítica (LInQA).

A análise ainda destacou os produtos que ocasionaram a mortalidade e alguns deles estavam em uma quantidade vinte vezes maior que o ideal. "Outros produtos podem ter ocasionado as mortes, como o manganês, que atuou causando distúrbios motores e de orientação; pH, alcalino devido ao hidróxido de potássio. Também foi encontrado uma grande quantidade de magnésio, que atuou aumentando o poder tóxico dos compostos nitrogenados — como o nitrato, que impede o transporte de oxigênio às células e ao organismo", citou o laudo.

Os relatórios também mostraram que o líquido inodoro, encontrado nas amostras, pode ter originado da mistura de pesticida (fluroacetamida) e hidróxido de potássio (grande quantidade deste composto), que tornou a água alcalina e provocou um aumento da temperatura, estressando ou levando os organismos à morte.

Também foram destacados outros compostos, que podem ter contribuído para a mortandade dos peixes. " Foram encontrados outros compostos, como  fluoroacetamida - inseticida e raticida, altamente solúvel em água e altamente volátil, moderadamente tóxica para os peixes e provocam altas taxas de mortalidade em animais; Cyclotetrasiloxane, octamethyl-; Cyclopentasiloxane, decamethyl-; pentasiloxane, dodecamethyl-; Cyclohexasiloxane, dodecamethyl , que causam irritação respiratória e prejudicam a troca gasosa nos peixes; Metil-1- butanol, que atua como agente antiespumante, causando distúrbios gástricos e pneumonia em humanos e, que, nos peixes provocam estresse fisiológico; e o BTEX (tolueno), que provoca necrose nas brânquias'', citaram.

No laudo, a Ufal ainda sugeriu a realização de um monitoramento do local onde foi coletado às amostras. Eles ainda alertaram para os altos índices de mercúrio, manganês, potássio, bactérias e coliformes fecais encontrados no ambiente, que podem trazer graves danos à saúde da população.

Entenda o casoMoradores das margens da Lagoa Mundaú, foram surpreendidos, na manhã do último domingo, 13, com vários peixes mortos na lagoa, em Bebedouro, na região do Flexal de Baixo. O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) coletou amostra de água da Lagoa Mundaú, que foram levadas para o Laboratório de Química da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).