Economista avalia mudanças com Lula presidente em 2023; cenário é positivo para AL

02/11/2022 08:00 - Economia
Por Maria Luiza Lúcio*
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O que esperar para a economia em Alagoas com a volta do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)? Ocorrerão mudanças significativas em pontos como o Auxílio Brasil, salário mínimo e combustíveis? Ao Cada Minuto, o economista e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cícero Péricles, esclarece como deve ser o cenário em 2023.

De acordo com o professor da Ufal, a aproximação política do governo Paulo Dantas com a equipe do novo governo Lula deve gerar muito e bons resultados para Alagoas. 

Cenário em Alagoas

Ele afirma que duas razões podem explicar essaa visão positiva. “A primeira – interna – é a situação financeira do estado, com condições de enfrentar as despesas da folha de pessoal, cobrir os gastos com custeio e realizar alguns investimentos, tanto na área da infraestrutura como de alguns programas sociais”, explica.

Ainda segundo ele, a parceria e as condições financeiras da máquina estadual garantem uma boa margem de manobra da gestão Paulo Dantas. “Um sinal dessa boa situação financeira é a manutenção das equipes gestoras das Secretarias da Fazenda e do Planejamento”.

Além disso, o economista cita como segundo motivo, a decorrência direta da sintonia política entre o governo eleito em Alagoas e o novo governo federal.

“Os dois mandatários são aliados políticos e isso abre possibilidades mais amplas que no governo anterior, quando o MDB de Alagoas, liderado pelo senador Renan Calheiros e pelo governador Renan Filho, estava na oposição ao governo federal”, comenta.

“Na prática, essa aliança pode representar mais recursos para os programas na área social, mais crédito público para financiamento dos programas de desenvolvimento econômico e mais investimentos na área de infraestrutura destinada ao crescimento da economia”, completa.

Com relação às mudanças econômicas que podem ocorrer pela entrada de Lula, Péricles acredita que o terceiro mandato do presidente eleito, pela experiência dos governos anteriores e pelo discurso de campanha, “terá outra lógica no tratamento de questões como o Auxílio Brasil, salário mínimo e gasolina, que são importantes para a maioria dos brasileiros”.

Veja abaixo uma análise de alguns pontos da economia para 2023:

Auxílio Brasil

O economista diz que a ideia é fazer a economia crescer, aumentando a renda dos segmentos mais pobres, mantendo o controle inflacionário.

Foto: Semas

Nessa lógica, o Auxílio Brasil deverá voltar ao programa Bolsa Família, mantendo o atual nível de cobertura, mas com inovações relacionadas ao atendimento dos grupos sociais mais vulneráveis”.

Salário Mínimo

Para Cícero, o salário mínimo voltará à fórmula bem sucedida de recomposição, que vigorou entre 2006 e 2015, sendo reajustado acima da inflação, permitindo ganhos reais vinculados ao aumento do PIB.

Combustíveis

Enquanto o setor de combustíveis poderá passar por uma nova política, definida pela direção da Petrobras. “A empresa revisará a política de paridade de importação, adotada em 2016 no governo Temer, e apresentará uma alternativa de reajustes dos preços vinculada aos valores de produção do barril de petróleo no próprio país”.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

“Cenário pode ser revertido”

Conforme o economista, a economia brasileira, após a experiência caracterizadamente liberal, sem muitas preocupações sociais, mais interessada nas privatizações e nas exportações de produtos básicos, será afetada pela nova lógica a ser adotada por um governo de centro-esquerda.

“O mercado interno volta a ser o centro do crescimento e isso exige tanto a aposta na produção nacional como o aumento da renda dos assalariados. A recuperação do parque industrial brasileiro, assim como da agricultura produtora de alimentos, está anunciada para atender a demanda nacional e aumentar as exportações de maior valor agregado”, esclarece.

Péricles também cita mudanças na política externa, que deverá ser mais ativa, aumentando os laços comerciais, diversificando novas parcerias e mercados para o país.  

“Isso exige o fortalecimento do sistema financeiro federal, dos bancos estatais e das agências de fomento. Esse modelo funcionou bem nos dois mandatos do Lula e nos primeiros anos do governo Dilma”, declara.

Segundo o professor, as condições políticas são favoráveis, na medida em que o governo atual está deixando o país com uma economia de taxas baixas de crescimento, nível ainda muito alto de desemprego, com uma inflação elevada, principalmente aquela que atinge o consumo básico da população.

“Essa combinação de desemprego e informalidade mais a inflação reduziu a renda média dos brasileiros, que, por sua vez, é responsável pelo endividamento e inadimplência recordes que o país atravessa. É um cenário difícil, mas que pode ser revertido por uma nova política de crescimento econômico, com melhorias sociais e responsabilidade fiscal”, conclui.

*Estagiária sob supervisão da Editoria

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