Por Erika Rios, g1 Santos


De acordo com a moradora de Ilha Comprida, o material deve medir cerca de 60 cm — Foto: Arquivo pessoal

Um objeto coberto por crustáceos foi encontrado em Ilha Comprida, no litoral de São Paulo. Uma moradora estava caminhando pela praia quando se assustou ao ver um quadrado "grande e pesado". Fátima Bairrada, de 56 anos, disse ao g1 nesta quinta-feira (13) que outras pessoas ficaram curiosas e algumas com medo de se aproximar do objeto, que segundo ela, tem cerca de 60 centímetros de altura e "pesa mais de 80 quilos".

Fátima, que é enfermeira, explica que encontrou o material enquanto caminhava na areia da praia no balneário Porto Velho, acompanhada da esposa, Maria de Lurdes Santos, de 61 anos, e de uma amiga, Sueli Cauto, de 71. Por conta do tamanho e do estado do material, o objeto imediatamente chamou a atenção do grupo.

Fátima Bairrada encontrou o material enquanto caminhava em Ilha Comprida — Foto: Arquivo pessoal

“De longe achei que era uma pedra, mas chegando ao local vi que pareciam roupas grudadas e cheias de crustáceos. Voltamos lá e descobrimos que é borracha compactada. Tentei tirar de lá, mas o peso é muito grande e ele [o objeto] não se moveu da areia”, relata.

A enfermeira disse que ao observar a conservação do material, acredita que ele deve estar há muito tempo no mar. “Meu sentimento foi de medo e dó ao mesmo tempo, pois vi pelo aspecto do objeto que ele está lá há vários anos, sem se desfazer. Fiquei muito preocupada, curiosa e assustada. Na verdade, temi por um naufrágio”.

Segundo Fátima, muitas pessoas têm medo de chegar perto do material e alguns curiosos ficam de longe observando e fazendo perguntas. Ela disse também que o material é muito grande e pesado, já que mesmo em três pessoas não conseguiram retirá-lo da faixa de areia. “Ele mede mais ou menos 60 cm de largura, e cerca de 45 de altura. O peso é superior a 80 quilos”, explica.

Objeto e cheio de crustáceos é encontrado em Ilha Comprida — Foto: Arquivo pessoal

A moradora disse que ficou perdida, sem saber qual órgão acionar, porém, segundo ela, entrou em contato com o Instituto de Pesquisas de Cananeia (Ipec) – que monitora as praias da região, para comunicar sobre a localização do material.

A reportagem do g1 entrou em contato com a Prefeitura de Ilha Comprida e com o Ipec, que afirmaram não ter informações concretas sobre a procedência do objeto.

'Caixa' encontrada em Itanhaém

Três homens que costumam retirar lixo do mar do litoral de São Paulo encontraram, no dia 3 de setembro, uma “caixa” na areia da praia de Itanhaém. O item foi recolhido pelo trio, que suspeitava se tratar de um fardo de borracha pertencente a um navio nazista naufragado. A hipótese foi confirmada pelo biólogo Clemente Coelho Jr., que participou de pesquisas sobre o aparecimento desses objetos na costa nordestina.

A caixa foi encontrada pelo geógrafo, João Malavolta, de 43 anos, que lembra de ter acompanhado o aparecimento de “caixas” no litoral nordestino desde 2018. Após isso, grupos de pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) revelaram que os pacotes que apareceram em praias de todo o Nordeste eram, na verdade, fardos de borracha de navios nazistas naufragados, o MV Weserland e o SS Rio Grande.

Um grupo de voluntários encontrou o que acredita ser um fardo de borracha em Itanhaém, no litoral de SP, neste sábado (3) proveniente de um navio nazista naufragado no Brasil. — Foto: João Malavolta

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Hipóteses

O pesquisador e biólogo Clemente Coelho Jr, da Universidade Federal de Pernambuco (PE), afirma se tratar de mais um dos fardos de borracha que têm aparecido no litoral nordestino desde 2018. “Recebi apenas fotos, mas tenho 99,9% de certeza, pelas características”.

Um grupo de voluntários encontrou o que acredita ser um fardo de borracha proveniente de um navio nazista naufragado no Brasil. — Foto: João Malavolta

Segundo o pesquisador, ele foi o responsável pela identificação de mais de 20 fardos que apareceram nas praias de Pernambuco desde o início dos aparecimentos. “O formato, tamanho, a presença de crustáceos agarrados nele”, elenca as semelhanças. Coelho explica que ainda há a presença de inscrições em alto relevo e que o item que apareceu em Itanhaém se encontra "bem" preservado.

“São fardos de látex que foram transportado por navio que foi fundado na Segunda Guerra Mundial, próximo à Paraíba”. Apesar de ser uma grande distância a ser percorrida por uma “caixa”, o pesquisador explica não é estranho imaginar que esses objetos chegassem à costa paulista devido às correntes marítimas que poderiam levá-los.

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