Interior

Curso de medicina da Ufal Arapiraca tem 26 pedidos de transferência

Solicitações têm crescido a cada ano; turmas fora do limite podem paralisar curso, que funciona com até 50% acima da capacidade

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 16/09/2022 09h34 - Atualizado em 17/09/2022 09h30
Curso de medicina da Ufal Arapiraca tem 26 pedidos de transferência
Desde 2019, a curso de Medicina da Ufal Arapiraca vem recebendo transferência de alunos de faculdades particulares que ingressam na Justiça para obter o direito - Foto: Assessoria

O alto número de transferências de alunos para o curso de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) campus Arapiraca vem gerando impactos significativos para o andamento do ensino e podem paralisar o curso se nada for feito. Foram 26 pedidos de 2019 até agora, com um detalhe: cada turma tem apenas 30 alunos. O problema foi divulgado esta semana após a Ufal e o Ministério Público Federal (MPF) se reunirem para buscar soluções.

Na prática, desde 2019 o curso de Medicina em Arapiraca vem recebendo transferências de alunos de faculdades particulares que ingressam na Justiça para obter o direito. Até então não há impedimento legal. Entretanto, o volume de pedidos tem crescido a cada ano e a estrutura existente no campus não comporta esse crescimento.

Diante disso, a Ufal parou de matricular os alunos e solicitou apoio do MPF. Como explica o MPF, foram 26 pedidos e 16 matriculados.

De acordo com a coordenadora do curso, Francine Simone Mendonça da Silva as transferências têm chamado a atenção e causado impacto para o funcionamento do curso. “O montante de alunos é em torno de vinte mais ou menos no período de 2019 a 2021. Porém existe uma coisa que é preciso ser considerada. Nós tínhamos apenas uma entrada na Ufal Arapiraca, entravam trinta alunos no início do ano e pronto. No entanto de 2021 para cá houve a mudança para o formato semestral com entrada no início e no meio do ano e aí houve um volume assustador de transferências”.

“Se seguir assim, o curso vai parar”, alerta coordenadora


Francine detalha que não há como controlar o volume de pedidos de transferência porque funcionam mediante pedido judicial.

“Eles vêm com uma ordem judicial. Estamos sentindo o impacto e não temos condições nem do ponto de vista físico nem do ponto de vista de corpo docente. Se continuar desse jeito, o curso vai parar porque a gente não tem condições de continuar”, detalha.

Os entraves vão desde falta de estrutura até falta de docentes.

“Como instituição o que a gente está sentindo é o impacto sobre a formação por conta da estrutura. A estrutura do prédio, o tamanho das salas, o número da turma, de docentes que a gente tem. A nossa estrutura educacional, o planejamento foi feito e nós temos um orgulho muito grande no nosso prédio, a gente divide com o curso enfermagem também. Foi feito para medicina, mas a gente acolheu o curso de enfermagem, dividimos o prédio com muita alegria. Mas o nosso prédio, a estrutura do curso de medicina foi feita para turmas pequenas, uma turma de trinta como eu explico em subgrupos de dez alunos. Aí cada dez alunos ficam com um professor. E a sala é para dez alunos e o professor. Não é pra doze não é pra treze. Muito menos pra catorze ou quinze”, pontua.

Não há até o momento informações se essas transferências estão relacionadas. E segundo Francine não há mecanismos que impeçam o ingresso desses estudantes por se tratar de decisões judiciais.