Defensor público pede indenização justa das vítimas da Braskem e ironiza “mundo maravilhoso” apresentado em relatórios da mineradora

13/12/2023 10:53 - Maceió
Por Alícia Flores e Laura Albuquerque*
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Durante o encontro que apresentou o diagnóstico do Conselho Nacional de Direitos Humanos sobre a situação dos bairros do Bom Parto e dos Flexais, na manhã desta quarta-feira (13), o defensor público Ricardo Melro pediu a indenização justa das vítimas do crime ambiental e a celeridade do processo.

Em entrevista exclusiva ao CadaMinuto, ele pontuou que há muita ansiedade entre os moradores da região, porque até agora não foi encontrado eco na Justiça para o caso, “apesar de vários documentos apontarem no sentido do que eles precisam e necessitam, porque a realocação dá indenização adequada”.

“São pessoas que estão, de fato, na vida real, abandonadas, porque é preciso deixar de lado o mundo maravilhoso dos relatórios que a Braskem produz, das atas maravilhosas, com soluções belíssimas, feitas nas reuniões longe do problema. A gente precisa adentrar no mundo real, conviver, falar com essas pessoas”, defendeu Ricardo Melro.

O defensor pontuou que a realidade do afundamento já foi constatada por diversos órgãos autônomos e isentos, como o Ministério Público Federal (MPF), a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a Defesa Civil de Maceió e a Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL).

“Mas, infelizmente, [isso] não foi levado em consideração na hora que fizeram o lamentável acordo, que nós estamos impugnando na Justiça, e que foi recebido pela comunidade como um castigo, como se eles não soubessem o que é melhor para a vida deles, porque são humildes. Isso é lamentável, é lastimável, são pessoas capazes, estão sentindo problema na pele e precisam ter suas palavras levadas em consideração”, repudiou. 

Ricardo disse que espera que o relatório do Conselho Nacional de Direitos Humanos corrobore tudo o que foi constatado até o momento: “Eu tenho certeza que vai ser um elemento a ser considerado pelo juiz André Granja na hora da decisão”. 

“Repito, o povo tem sede de justiça. Já está se perdendo muito tempo em fazer essa justiça. Mas, como diz o adágio popular: antes tarde do que nunca. Que venha logo uma decisão em socorro dessa população”, finalizou.

*Estagiária sob supervisão da editoria

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