O historiador e sociólogo Luiz Sávio de Almeida era tão alagoano quanto se pode ser. Dizia não ter vindo do ventre, mas sim da terra. Aquela boa terra entre Pernambuco, Sergipe e Bahia.
A paixão nutrida pelo estado foi transformada no fruto do conhecimento. Durante mais de cinco décadas, Sávio, como era conhecido, contou a história de Alagoas e estudou seu povo.
Boa parte dessas análises foi feita em salas da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), da qual era professor emérito.
A figura do estudioso, inclusive, se mistura à da instituição de ensino. Nas bibliotecas, é difícil não se deparar com uma obra de Sávio sobre o estado. Em incontáveis livros e artigos, ele narra a criação, cultura, matas e povo alagoano. É autor obrigatório em quase todas as faculdades.
Sávio nasceu em Maceió no dia 31 de março de 1942. Se graduou em ciências jurídicas e sociais pela Ufal, fez mestrado em educação pela Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, e doutorado em história pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
Não deixou seu conhecimento somente no âmbito acadêmico. Sávio emprestou também seu talento para o jornalismo e as artes cênicas, com autoria de peças teatrais. Seus temas eram sempre as minúcias do povo alagoano e nordestino, além dos povos originários.
Falava de fome, doenças, desigualdades, racismo. Nada escapava de seu olhar preocupado.
Sua generosidade era reconhecida. Ao entrar em qualquer ambiente, sempre exibia um largo sorriso e ampliava os braços para oferecer um caloroso abraço, que se estendia para uma profunda conversa e desembocava em valiosos conselhos.
"Quando lembro de Sávio, vem à mente uma foto que nunca fiz: a daquele homem sentado em uma pracinha na Ufal à espera de colegas e amigos como quem partilhasse de um parlatório. Esse é um quadro vivo em minha memória e que eu situo como o lugar de encontro entre o intelectual e o homem em sua escutatória", diz Raquel Rocha, a professora do Instituto de Ciências Sociais da Ufal.
Ao fim da vida, Sávio já não era mais ser, era uma entidade. Admirar sua presença era inevitável, assim como querer tocá-lo na intenção de sentir sua luminosidade única.
No seu estado, ao qual doou seus 80 anos e 11 meses vividos, morreu na manhã de sexta-feira (10). A causa não foi divulgada.
Luiz Sávio de Almeida deixa saudosos colegas, encantados alunos e engrandecidas as Alagoas, além de sua amada esposa, Myrian Almeida, seis filhos e nove netos.
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