Alagoas

Após viajar para ministrar curso, professor da Ufal é barrado e deportado do México com a família

TNH1 com TV Pajuçara | 31/01/23 - 13h25
Reprodução

O professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Diego de Oliveira Souza, viveu um pesadelo ao lado dos familiares no último dia 27. Ao tentar entrar no México, país onde iria ministrar aulas de um curso que integra o projeto de pós-doutorado, o educador foi detido junto com a família, no aeroporto da Cidade do Médico, sob a acusação de uso de visto falso. Diego de Oliveira foi deportado e agora pede que o governo brasileiro tome providências, pois alegou que foi vítima de violação dos direitos humanos.

Segundo o professor, ele e a família estiveram no Consulado Mexicano, no Rio de Janeiro, no dia 23 de janeiro, onde passaram por entrevista com o governo mexicano pela internet, conforme foi agendado anteriormente. Na ocasião, Diego de Oliveira afirmou que toda a documentação foi apresentada e os vistos foram emitidos no mesmo dia. Porém, ao chegar no país da América do Norte, a família foi barrada.

"Todos os meus pertences foram retirados, inclusive celular. A todo momento tentei explicar que era um pesquisador a serviço do governo brasileiro. Eles nem me ouviam, nem explicavam nada. Nem direito a uma ligação, eu tinha. Eu pedia para falar com a embaixada brasileira e não era atendido. Fiquei por mais de 10 horas isolado da minha família", destacou em vídeo enviado à TV Pajuçara. 

Assista:

"Eu chego ao México, mais ou menos às 18h do dia 27, e só às 4h da manhã do outro dia, eu soube o que ia acontecer comigo. Quando me chamaram e me colocaram no avião de volta para o Brasil. Foi quando reencontrei minha família", continuou.

Ainda de acordo com o professor, ele e a família ficaram por mais 12 horas no aeroporto de Bogotá, na Colômbia, antes de vir para o Brasil. Eles ficaram acompanhados de seguranças.

"Nesse percurso, ainda fomos para Bogotá, ficamos mais de 12 horas isolados no aeroporto de lá, sempre acompanhado de seguranças. Com muitas dificuldades para dormir, para se alimentar. Nos alimentávamos, mas não era na hora que queríamos. A todo lugar que fosse, tinha que ter um segurança me acompanhando. Fiquei quase 72 horas sem tomar banho, sem dormir, foi uma situação muito difícil, exaustiva física e claro, emocional", disse.

Diego de Oliveira afirmou que foi vítima de preconceito por vir de um país latino-americano. "Claramente é uma política marcada pela xenofobia, pelo preconceito aos latino-americanos. Então pude presenciar isso na pele. Como é diferente o tratamento aos estado-unidenses, aos europeus, e como tratam os latino-americanos. Não pode ficar assim, isso tem que ser revisto", explicou.

A Ufal informou que está acompanhando o caso e segue dando acompanhamento psicológico ao professor e aos familiares dele. A universidade também ofereceu um suporte administrativo e jurídico. Já os professores do curso de Enfermagem, em Arapiraca, onde Diego Oliveira trabalha, prestaram solidariedade ao colega.

A Universidad Autónoma de la Ciudad de México, local onde o professor alagoano iria dar aulas, manifestou indignação aos maus-tratos sofridos pelo educador no aeroporto mexicano. O TNH1 não conseguiu contato com o Ministério das Relações Exteriores, nem com o Consulado do Brasil no México.