Divulgação
O arquiteto e professor da Universidade Federal de Alagoas Rubens Duarte lança, no próximo dia 20 de março, a obra Laguna de encantos e desencantos, com apoio da Editora da Ufal (Edufal) e do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA-AL). Contando a história do surgimento e das transformações da cidade de Maceió a partir da laguna, passando pelos simbolismos, representatividade e a contextualização dos encantos e desencantos da região, o livro traz de forma prazerosa e poética, um novo olhar sobre a cidade.
“Desde quando fiz o curso de Arquitetura na Ufal despertei para ver as mudanças em Maceió. Nasci nessa região e vivenciei uma grande alteração na nossa laguna com a construção do Dique Estrada, que ocupa uma área de 202 hectares, ou 202 campos de futebol. Escolhi estudar essas transformações a partir da laguna, e como a cidade é um espaço dinâmico, resolvi analisar tudo isso apresentando os encantos e os desencantos de toda região lagunar na cidade”, explica o professor.
Lançada pela Edufal, às 14h30 no auditório do LCCV no Campus A. C. Simões, a obra é fruto do doutorado do professor Rubens, mas não é uma cópia da tese. “Eu terminei o doutorado em 2019 e resolvi para o livro, além de reorganizar todo o texto, atualizar as informações com dados e acontecimentos até 2021. Vários são os olhares construídos em relação a história e à evolução urbana de Maceió, mas um ponto intrigante é que o mar, a laguna, os rios e canais, influenciam diretamente as relações socioeconômicas existentes aqui”, explica.
Encantos e desencantos
Sobre o título do livro, Duarte explica que os encantos são as qualidades de admiração e encantamento que permeiam a atração do ver Maceió pelo olhar da laguna e a região do entorno, causando deslumbramento e aceitação. Já o desencanto é a situação oposta, a frustração, a tristeza e a sensação de impotência em relação à realidade diante de fatos nocivos e danosos à região lagunar.
Ele destaca ainda que a laguna teve papel importante na cidade até 1960/1970, quando mar e laguna tinham a mesma condição de similaridade, ou seja, eram ambos os corpos d’água mais expressivos da cidade. “A partir da década de 1970 acontece a transição desse imaginário. Com a urbanização da área da Pajuçara, a implantação da Salgema e a implementação de uma política de turismo, acontece uma ressignificação do encanto e desencanto, valorizando-se o mar como local de lazer e cartão postal da cidade.
Laguna ou Lagoa?
A laguna Mundaú é conhecida por todos nós como lagoa, mas o professor Rubens Duarte explica o erro na nomenclatura. “Ela é uma laguna por possuir ligação com o mar e um ecossistema rico, diferenciado por conta dessa ligação”, explica.
A lagoa é um corpo d’água independente, totalmente cercado por terra. Já a laguna, como é o caso da Mundaú, que ocupa cerca de 24 quilômetros de extensão em território maceioense, possui uma grande produtividade biológica pela vinculação com nutrientes de origem oceânica e continental. “As próprias autoridades locais usam o termo do senso comum, mas precisamos saber diferenciar o temo cientificamente correto”, lembra o professor.
Valorização da região
Talvez o maior destaque da obra seja o discutir as potencialidades da região. “A imagem atual de Maceió representada prioritariamente pelas águas do mar desconstrói o contexto real da cidade, que compreende também outras águas, formadas pelos riachos, canais e a laguna. A cidade, propagada como o ‘Paraíso das águas’, nega a sua totalidade, sua história e sua memória”, afirma.
Resgatar a simbologia da laguna é um dos passos para retomar o encanto da população por sua própria terra. A obra do professor Rubens Duarte atua como fonte de pesquisa e de auxílio ao imaginário para esse resgate. Em seu perfil no Instagram @maceiomarelaguna, ele discute esta e outras questões.
Serviço:
Lançamento do livro Laguna de encantos e desencantos
Editora da Ufal
Quando: 20 de março, 14h30
Auditório do LCCV/CTEC – Campus A. C. Simões
Fonte: Ascom Ufal