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Maré baixa em praia de Maceió não indica risco de tsunami

03.mar.2023 - Não há qualquer evidência científica de que a maré baixa aponte a possibilidade de tsunami na costa brasileira - Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Facebook
03.mar.2023 - Não há qualquer evidência científica de que a maré baixa aponte a possibilidade de tsunami na costa brasileira Imagem: Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Facebook
do UOL

Milka Moura

Colaboração para o UOL, em Natal

03/03/2023 19h00

Não é verdade que a maré baixa registrada na praia de Ponta Verde, em Maceió, indique risco de tsunami no Brasil, como afirma um vídeo falso que circula nas redes sociais nos últimos dias. A prefeitura desmentiu a informação e esclareceu que se trata de um evento comum (leia aqui).

Não há qualquer evidência científica de que o movimento marítimo aponte a possibilidade do fenômeno na costa brasileira, afirma o professor da Ufal Henrique Ravi, doutor em geociências. Marcelo Bianchi, sismólogo do Centro de Sismologia da USP, que integra a Rede Sismografica Brasileira, diz que "as zonas sismogênicas que poderiam gerar tsunamis estão longe da costa brasileira".

O que diz a publicação falsa? Um homem que aparece no vídeo, de 15 minutos e 50 segundos, faz as seguintes afirmações falsas: "O mar recuou, afastou-se da orla mais de um quilômetro (...) Nunca houve essa distância absurda do mar, esse recuo de mais de um quilômetro. São inúmeros vídeos que estão sendo gravados em Maceió, com as pessoas mostrando a mesma coisa. (...) Tem gente falando na possibilidade de um tsunami no Brasil, mas os estudiosos afirmam que a possibilidade é mínima porque as condições de uma forma geral, global, não estão propícias e não favorecem a um tsunami aqui no Brasil. É o que eles dizem, que eu discordo, com todo respeito, porque em 1775 teve um tsunami no Brasil".

Ele diz ainda que o recuo está acontecendo em outras cidades do Nordeste —sem mostrar imagens ou especificar quais ou quando— e apresenta argumentos religiosos para justificar a ocorrência do fenômeno e o risco de tsunami. A publicação, de 25 de fevereiro, acumulava 52 mil curtidas, 7,7 mil comentários e 1,5 milhão de visualizações até a publicação desta matéria.

Sobre a maré baixa. Mesmo que o mar tivesse recuado 1 km, ainda estaria dentro da normalidade do movimento da maré, afirma o doutor em geociências e professor da Ufal, Henrique Ravi.

A praia de Ponta Verde, por suas características geológicas, frequentemente apresenta um recuo maior em comparação a outras praias. Segundo Ravi, na região próxima ao farol mostrada no vídeo, o recuo pode ser superior a 1 km nas chamadas marés de sizígia, que ocorrem durante as luas cheia ou nova.

Quem vive no litoral já está acostumado com o recuo mais intenso em determinadas regiões. O que chama a atenção destes vídeos é que muitos são gravados por pessoas que não residem em Alagoas, principalmente turistas que não percebem a dinâmica da maré durante o ano. Outros vídeos são gravados por pessoas leigas, para gerar pânico"
Henrique Ravi, doutor em geociências e professor da Ufal

Sobre o antigo tsunami. Há registros de que o litoral do Nordeste brasileiro foi atingido por um tsunami em 1755, que teria sido gerado por um forte terremoto, de magnitude de 8,7, que destruiu Lisboa, parte da região sul da Espanha e do Marrocos.

A suposta possibilidade de um novo tsunami não tem respaldo científico. Um fenômeno como o que ocorreu há mais de 200 anos poderia, hoje, ser previsto. "Um tsunami gerado no Atlântico levaria horas para chegar na costa. Ou seja, tempo suficiente para um alerta e remediação. O tempo da rede mundial detectar tais eventos é menor do que 5 minutos", afirma Marcelo Bianchi.

Esse conteúdo também foi checado por Reuters, Boatos.Org e Estadão.

Sugestões de checagem podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

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