O atual cenário econômico de Alagoas – que completa 206 anos de emancipação política neste sábado (16) – é diferente daquele marcado pelas atividades agrícolas, pecuária e quando o setor público era o gerador de empregos. O estado parece vivenciar um movimento de “transição”, segundo análise do professor de Economia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cícero Péricles, que destaca os setores de comércio e serviço como responsáveis por mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB).
“O modelo antigo, baseado nas atividades agrícolas e da pecuária, assim como na presença dominante do setor público como gerador de empregos, deixou de existir. Com 80% de sua população vivendo em cidades, a força da economia passou para as atividades econômicas urbanas como o comércio e serviço, responsáveis por mais de 70% do PIB estadual e pelo emprego regular da maioria dos alagoanos”, destaca Cícero Péricles.
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Na área rural, a produção agrícola e da pecuária tiveram reduzidas suas presenças relativas e a agroindústria canavieira perdeu sua antiga força e representa hoje menos de 10% da economia. “Nos anos recentes, vem acontecendo um esforço de modernização e diversificação agrícola, tanto na introdução de novas culturas, a exemplo do eucalipto e soja, como na ampliação da agricultura de alimentos, onde o milho é o destaque. Na pecuária, esse esforço é visível na modernização da produção leiteira e nos novos investimentos da sua indústria de derivados do leite”, destaca Cícero Péricles.
O professor da Ufal justifica que, no caminho inverso, a rede de comércio e de serviços acompanhou a urbanização e ficou maior e mais complexa, espalhando-se por todas as cidades e bairros da capital, passando a ter maior peso na economia estadual. Na mesma direção dessa mudança, dois setores se destacam, na avaliação de Cícero Péricles, a indústria da construção civil e o turismo.
CRESCIMENTO
“A construção cresceu e se modernizou para atender as obras públicas e ao mercado de habitacional da classe média e de segmentos populares, e o complexo turístico deixou de ser visto como ‘potencial’ para se transformar efetivamente num setor dinâmico. A estrutura da economia mudou, mas permanece marcada pela pouca capacidade de gerar riquezas, tanto na sua agricultura abastecedora de alimentos, como na indústria de produtos básicos. Essa característica é a razão da nossa pobreza e da dependência das transferências federais”, reforça o professor de Economia.
Sobre os desafios com o arrefecimento da pandemia de Covid, o economista Cícero Péricles analisa que passado esse período a economia alagoana vem apresentando boas notícias. A produção no campo está sendo beneficiada pelas chuvas regulares – elemento decisivo para essa atividade – e desde 2019 aumenta os investimentos na sua produção agrícola de vários segmentos, e, na pecuária, aumenta a produção leiteira.
“A rede comercial e de serviços retomou suas vendas, mas continua com a receita ainda num nível menor que o período pré-pandemia. A construção civil está acelerando suas obras, com boas perspectivas pela retomada do PAC e pelos preços remuneradores dos imóveis na capital e região metropolitana de Maceió; e o turismo voltou ao seu patamar anterior e anuncia investimentos e ampliação do fluxo de visitantes para os próximos meses”, enfatiza.